PF intima Ramagem e militares a depor sobre tentativa de golpe de Bolsonaro
A Polícia Federal vai ouvir na próxima quarta-feira (6) mais militares no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe por parte de integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e deputado federal Alexandre Ramagem também foi intimado e deve falar nesta terça (5).
O ex-presidente é um dos investigados. Há a expectativa de que a definição pelo indiciamento ou não neste inquérito saia ainda neste mês.
O UOL apurou que, na lista de militares a serem ouvidos, estão os coronéis indiciados na semana passada: Anderson Lima de Moura, da ativa, e Carlos Giovani Delevati Pasini, da reserva.
O coronel Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, da ativa, que teve a investigação sobrestada, em virtude da concessão de uma liminar judicial, também foi intimado. Assim como um general - que não teve a identidade revelada - e que terá que prestar esclarecimentos às autoridades.
A PF já obteve indícios de que o então presidente Jair Bolsonaro discutiu uma minuta golpista com os comandantes das Forças Armadas após sua derrota nas eleições, para tentar continuar no poder. O caso foi revelado pelo UOL, em setembro de 2023. Outros auxiliares, civis e militares, também participaram das articulações. O relatório final da PF deve destrinchar o papel de cada um nessas tratativas.
O inquérito que pode implicar Bolsonaro em atos do 8 de Janeiro é o único que atinge militares de alta patente. O caso envolve ex-comandantes das três Forças no governo Bolsonaro. Como revelou o UOL, em manifestação recente, a PGR (Procuradoria-Geral da República) vinculou os atos de 8 de Janeiro à minuta golpista.
Militares acusaram Bolsonaro. Em depoimentos à PF neste ano, os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida de Baptista Jr. (FAB) afirmaram que Bolsonaro teria apresentado a eles uma proposta de minuta golpista para evitar a posse de Lula e manter o ex-presidente no poder.
Chefe da Marinha foi investigado pelo apoio, mas se calou. Segundo os dois ex-comandantes, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria sinalizado apoio à tentativa golpista e colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro. Garnier também foi intimado a depor na PF. Na ocasião, porém, ele ficou em silêncio sobre a tentativa de golpe.
A PF já apresentou relatório sobre as investigações envolvendo fraudes no cartão de vacinação e sobre desvios de joias recebidas como presentes por Bolsonaro. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou mais algumas diligências, mas expectativa é que uma eventual denúncia seja apresentada a partir deste mês.
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