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OPINIÃO

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Sabatina revela um político diferente, que não enrola, vai direto ao ponto

O ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato ao governo de Minas Gerais, durante sabatina UOL/Folha - UOL
O ex-prefeito Alexandre Kalil (PSD), pré-candidato ao governo de Minas Gerais, durante sabatina UOL/Folha Imagem: UOL

Colunista do UOL

11/05/2022 13h46

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Alexandre Kalil não fica em cima do muro. Nem parece um político mineiro: sem meias palavras, o candidato a governador não foge das perguntas, responde a tudo na lata e não deixa dúvidas sobre o que pensa.

Por isso, fiquei agradavelmente surpreendido com a entrevista que ele deu nesta quarta-feira aos repórteres Fabíola Cidral, Alberto Bombig e Carolina Linhares, nesta série de sabatinas da Folha/UOL com os pré-candidatos a presidente e governador.

Antes de ser duas vezes eleito prefeito de Belo Horizonte, o empresário Kalil nunca tinha sido candidato a cargo público e era mais conhecido como presidente e torcedor fanático do Atlético Mineiro.

Fala com os repórteres sem censura, como se estivesse numa arquibancada do Mineirão ou numa mesa de bar.

Bateu duro no governador Romeu Zema, candidato à reeleição, e no presidente Jair Bolsonaro, a quem responsabilizou por Minas ser um estado endividado, o que menos cresceu nos dois primeiros meses do ano e estar com sua malha viária totalmente detonada, entregue aos interesses das mineradoras, que agora avançam sobre a Serra do Curral, o Corcovado de Belo Horizonte.

"Quem entende de Bolsonaro é Romeu Zema, que se pronunciou a favor da cloroquina, que acha que cesta básica é crime, que tem que morrer de fome mesmo", disparou logo no início da entrevista. "O que o candidato Alexandre Kalil quer é uma aliança formal com o Lula", deixou claro, ao desmentir que tenha "dado um bolo" no ex-presidente durante a passagem do petista por Minas esta semana. "Como não houve nada marcado, então não houve bolo."

A formalização dessa aliança emperrou na indicação de quem será o candidato ao Senado na chapa que está sendo costurada entre os presidentes do PSD, Gilberto Kassab, e do PT, Gleisi Hoffmann.

"Há um esforço muito grande da oposição de tentar minar esta aliança", disse Kalil, que chamou Lula de "grande líder" e, ao final da sabatina, declarou que votará nele já no primeiro turno.

Kalil rompeu com Zema e Bolsonaro logo no início da pandemia, por defender o distanciamento social como melhor forma de combater o alastramento do vírus da covid, a exemplo de outros governadores, e acusou os dois de terem abandonado o estado.

A exemplo do que acontece na eleição presidencial, em Minas a campanha também está polarizada entre Zema e Kalil, sem espaço para nenhuma terceira via. O atual governador saiu na frente nas pesquisas, com 34% na Genial/Quaest de março, contra 21% de Kalil, mas o ex-prefeito disse que não está preocupado com isso porque a sua campanha só esta começando agora.

"O governador está montado no avião há dois anos, fazendo campanha sozinho", justificou.

Lula e Kalil estão tentando juntar a fome com a vontade de comer porque sabem que um depende do outro, mas não está fácil desatar o nó que surgiu na formação da chapa, porque o ex-prefeito já declarou apoio ao senador Alexandre Silveira, candidato à reeleição, que é presidente do PSD de Minas.

O PT insiste na candidatura candidatura do deputado federal Reginaldo Lopes ao Senado e Kalil já está fechado com Agostinho Patrus para vice, o que deixaria o partido de Lula sem espaço na chapa no segundo maior eleitorado do país, algo difícil de imaginar.

Até hoje, nenhum candidato se elegeu presidente da República sem vencer a eleição em Minas. Diante do impasse, só tem um jeito: decidir a formação da chapa no "palitinho", um jeito bem mineiro de resolver as coisas difíceis.

Embora Kalil diga que não tem pressa para celebrar o casamento _ "o que eu não quero é ir sem mão dada" _ o fato é que agora só faltam quatro meses e três semanas para a abertura das urnas.

Vida que segue.