Topo

Balaio do Kotscho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

"Blitzkrieg" bolsonarista deixa campanha eleitoral no campo do imponderável

Quem vai ganhar a eleição? O que vai acontecer com o Brasil? Entra em campo o imponderável. Respostas só no dia 30. - Reprodução
Quem vai ganhar a eleição? O que vai acontecer com o Brasil? Entra em campo o imponderável. Respostas só no dia 30. Imagem: Reprodução

Colunista do UOL

22/10/2022 14h11

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Durante todo esse ano eleitoral, o ex-presidente Lula liderou as pesquisas por margens maiores ou menores, mas se manteve sempre como o favorito, com chances de decidir já no primeiro turno (faltou pouco)

Nos últimos levantamentos, porém, a margem de 6 milhões de vantagem, com que entrou nos segundo turno, diminuiu e, agora, a uma semana da abertura das urnas, entramos no campo do imponderável, porque não sabemos quais armas a "blitzkrieg" bolsonarista movida a mentiras e muito dinheiro público do orçamento secreto é capaz de empregar para comprar a reeleição a qualquer preço.

Só não vamos votar completamente no escuro no próximo domingo porque, neste sábado, o plenário virtual do Tribunal Superior Eleitoral concedeu a Lula 116 direitos de resposta para rebater os sórdidos ataques bolsonaristas das últimas semanas, um festival de baixarias e iniquidades jamais visto numa campanha eleitoral.

"Blitzkrieg" (guerra relâmpago em alemão), não custa lembrar, é uma tática militar empregada pela Wehrmacht, as forças armadas da Alemanha nazista, na Segunda Guerra Mundial. Consistia em utilizar forças móveis em ataques rápidos e de surpresa, para evitar que as tropas inimigas tivessem tempo de organizar a defesa.

Foi o que aconteceu neste segundo turno com o PT, que ficou atordoado com a artilharia bolsonarista, disparada na guerra santa dos púlpitos e na guerra suja das redes sociais, que acabaram se misturando. Só agora, na reta final, o partido conseguiu contra-atacar na Justiça Eleitoral, ganhando o direito de se defender no campo do adversário, que perdeu a maior parte do seu tempo de propaganda na televisão.

Resta saber como o PT ocupará este latifúndio de tempo na televisão, quase um Jornal Nacional inteiro. Quem sabe agora o partido poderá explorar a frente ampla que constituiu, com 15 partidos, dezenas de entidades e lideranças da sociedade civil, em defesa da democracia ameaçada pelo bolsonarismo, em vez de ficar só Lula falando bem dele mesmo e dos seus governos anteriores.

É certo que a defesa de Bolsonaro vai recorrer mais uma vez ao Supremo Tribunal Federal, tão combatido pelo presidente, para reverter a decisão do TSE, o que poderá levar a eleição a ser decidida no tapetão, criando o caos institucional perseguido pelo presidente desde a sua posse. O primeiro passo foi dado pelo general da reserva Paulo Chagas, que defendeu abertamente um golpe de Estado no país.

"Não há dúvida de que o STF está conspirando a favor da eleição de um ladrão descondenado. Isto não é justo nem legal. O Gen Villas-Bôas já teria resolvido isso, sem alarde, com uma discretíssima visita aos ministros do STF, porque, para ativar o bom senso dos outros, bastam prestígio e liderança!!!", proclamou o general no Twitter.

Villas-Bôas é aquele general que comandava o Exército quando pressionou o STF, com apenas dois tuítes, para que Lula continuasse preso na eleição de 2018, abrindo caminho para a eleição de Bolsonaro.

É aí que entra em campo o chamado Imponderável de Almeida ou da Silva, eternizado por Nelson Rodrigues, porque não se sabe até onde podem chegar os guerrilheiros da tropa de choque da "britzkrieg" bolsonarista, com qual arsenal ainda contam no paiol, ao sair da realidade virtual para o mundo real, e descobrir que serão derrotados.

Cada dia sua agonia, ensinavam os mais velhos. Hoje, com a decisão do TSE, noto que o vento volta a soprar a favor da candidatura do ex-presidente, que agora poderá enfim se defender do general Carlos Bolsonaro, o filho 02, comandante do gabinete do ódio, que pautou a campanha nas ultimas semanas, levando a disputa presidencial para a sarjeta.

"Se é fato que podemos cercar as margens de erro para obter os resultados ambicionados, não é menos verdade que mais movem a história as circunstâncias que não estão sob nosso controle", ou seja, o imponderável, "o mais severo e perigoso de todos os deuses", escreveu Reinaldo Azevedo em sua coluna da Veja, às vésperas da eleição de 2014, vencida por Dilma Rousseff, por estreita margem, contra Aécio Neves, que pediu recontagem de votos.

Foi ali que tudo começou, até chegarmos à agonia dos dias atuais, na encruzilhada entre a volta à civilização e a barbárie continuada.

Faltam 8 dias.

Vida que segue.

.