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Bolsonaro, Anderson, Ibaneis, chefes militares e PM: de quem foi a culpa?
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Passado o susto do "putsch" de domingo, é hora de buscar os responsáveis pelo maior ataque à democracia brasileira desde a redemocratização do país, em 1985, chamando as coisas pelas palavras certas e dando nomes aos bois.
Foi terrorismo o que aconteceu, uma operação paramilitar golpista, muito bem organizada, por iniciativa, instigação, omissão ou cumplicidade dos seguintes patriotas:
* o ex-presidente Jair Bolsonaro, foragido nos Estados Unidos, e hoje internado num hospital em Orlando com dor de barriga;
* o ex-ministro da Justiça e secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, já demitido;
* o governador de Brasília, Ibaneis Rocha, já afastado do cargo por 90 dias pelo ministro Alexandre de Moraes;
* os comandantes militares do atual e do antigo governo;
* os comandantes da Polícia Militar de Brasília, que abriram caminho para os golpistas bolsonaristas.
Falta ainda divulgar os nomes dos agrotrogloditas e empresários bolsonaristas que financiaram os acampamentos e os atos terroristas.
Bolsonaro passou o governo todo incentivando o armamento da população e a violência com seus discursos de ódio e se recusou a reconhecer a derrota na eleição, liberando seus devotos para contestar o resultado das urnas e promover badernas em todo o país.
Desde a sua posse, o capitão procurou instalar o caos no pais, e conseguiu. Por ironia, só depois de sair do poder pela porta dos fundos e deixar órfãos seus devotos..
Contou para isso com a prestimosa ajuda do governo bolsonarista de Brasília e dos chefes militares, que durante mais de dois meses permitiram a montagem de grandes acampamentos em frente às suas instalações, chamadas pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, com muita propriedade, de "incubadoras de terroristas".
O motivo da omissão e da conivência dos comandantes foi explicado hoje pelo colunista Lauro Jardim, no Globo: boa parte das hordas de extremistas em frente aos quarteis era formada por militares da reserva e parentes de militares da ativa, ou seja, "gente nossa", revelando que mais uma vez os fardados estão por trás e na frente de mais uma tentativa fracassada de golpe.
Indiferentes aos apelos dos ministros da Defesa e da Justiça do novo governo, para desativarem os acampamentos terroristas, os chefes militares só se mexeram depois que o ministro Alexandre de Moraes, ainda na noite de domingo, deu um ultimato de 24 horas para que as áreas militares fossem desocupadas, ou todos os que desobedecessem à ordem seriam presos. Muitos saíram correndo, deixando suas coisas para trás.
Como nada foi feito após o primeiro ataque terrorista em Brasília, a 12 de dezembro, dia da diplomação do presidente Lula, os golpistas se sentiram empoderados para tentar o golpe mais uma vez. C
om mais fúria, quebraram tudo o que encontraram pela frente nas sedes dos três poderes, onde roubaram objetos valiosos, documentos e armas, e defecaram e urinaram em salas e corredores, mostrando o caráter "patriótico" do bando.Diante do estrago consumado, o recém-nascido terceiro governo Lula se vê diante de um dilema: ou enquadra de vez o estamento militar e rediscute o papel das Forças Armadas em tempos de paz, com o apoio dos três poderes e a união de todos os democratas que condenaram o "
putsch" bolsonarista, aqui e lá fora, ou correrá sempre o risco de novas "surpresas" ignoradas pelos órgãos de inteligência.Mas nada justifica a omissão do Batalhão da Guarda Presidencial, com dois mil soldados de prontidão no sub-solo do Palácio do Planalto, que deveria ser o prédio mais protegido do país, mas que só entraram em ação depois que os terroristas já tinham consumado a invasão.
Se esse foi o anunciado terceiro turno, Lula venceu Bolsonaro de novo, e seu governo sai fortalecido diante dos tiros nos pés dos bolsonaristas.
Sei que Lula venceu uma eleição, e não uma revolução. Todo cuidado é pouco, mas uma hora ele terá que enfrentar a questão militar. Se for para deixar tudo como está e contemporizar, para que ganhar a eleição?
Vida que segue.
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