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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Senadores do MDB pró-Lula querem adiar convenção; Baleia Rossi resiste

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do PT se reúnem comcaciques do MDB em São Paulo - Lucas Borges Teixeira/UOL
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e integrantes do PT se reúnem comcaciques do MDB em São Paulo Imagem: Lucas Borges Teixeira/UOL

e Com Lucas Borges Teixeira, do UOL, em Brasília e em São Paulo

19/07/2022 19h20

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Caciques do MDB se reuniram hoje (19) com o ex-presidente Michel Temer (MDB), em São Paulo, para tentar adiar a convenção nacional do partido para o dia 5 de agosto e fazê-la de forma presencial. Até então, a convenção está marcada para o dia 27, virtualmente.

O grupo, que prega apoio à chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já no primeiro turno, argumenta que detalhes ainda precisam ser debatidos e que não há motivo do debate ser online. O deputado Baleia Rossi (MDB-SP), presidente do partido, resiste à ideia.

No encontro desta terça-feira, o grupo tinha um objetivo não declarado oficialmente de tentar convencer Temer na costura para a desistência da candidatura da senadora Simone Tebet. Meta considerada difícil pelos próprios caciques.

O mais provável, dizem, é que o MDB caminhe, assim como em 2018, de forma rachada.

Ontem, onze diretórios do partido - quase todos presentes hoje- estiveram com Lula para selar apoio à chapa. Sob a lógica do grupo, quando mais tempo, mais chance para ampliar o apoio do partido ao petista.

"É fundamental para que nós possamos conversar. O processo político caminha mais facilmente pelo diálogo. Não dá para pressupor jamais um partido do tamanho do MDB querer apressadamente homologar uma candidatura própria sem viabilidade eleitoral, com onze diretórios assinando uma posição", afirmou, após a reunião, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), um dos principais incentivadores do apoio a Lula.

Renan chegou a fazer uma cruzada pública contra o lançamento de Tebet sob o argumento de que lançar mais um nome sem chance de vitória só enfraqueceria o partido. Em 2018, o ex-ministro Henrique Meirelles (MDB) acabou em sétimo lugar com 1,2% dos votos.

Tebet, nome alçado pela chamada terceira via, não decolou nas pesquisas e têm perdido apoios antes dados como certos. Ela tem 3,3% das intenções de voto, de acordo com o agregador de pesquisas do UOL, e quase nenhum palanque estadual forte.

"A candidatura própria é sempre defensável, desde que ultrapasse o pressuposto da competitividade", argumentou.

Temer, por sua vez, seguiu dizendo que apoia a candidatura de Tebet, mas que conversaria com Baleia Rossi sobre a possibilidade de adiamento.

"Prometi que iria conversar com o presidente Baleia e outros membros da executiva [do MDB] e verificar essa possibilidade [de adiamento]. Especialmente, sugerir que faça uma reunião com o grupo. O diálogo sempre foi uma fórmula muito adequada para conduzirmos o MDB", afirmou Temer.

Após a reunião, porém, Baleia em um gesto de resistência foi às redes sociais e afirmou que a candidatura de Tebet está mantida, assim como a data da convenção.

A resposta de Temer, embora pacificadora, foi lida pelo grupo como uma pequena vitória, visto que, mesmo que ex-presidente não defenda o apoio a Lula, pode defender a prorrogação.

Deixa Lula para depois

Alguns integrantes do grupo tinham a ideia de sondar Temer para um possível encontro dele com Lula.

A chance de uma reunião entre os dois, porém, passa por problemas dentro do PT, com resistências nesta aproximação por parte de alguns integrantes, como a ex-presidente Dilma Rousseff.

O assunto de um possível encontro de Lula e Temer, segundo fontes que estiveram na reunião, não chegou a ser colocado na mesa. O ex-presidente não quis comentar sobre uma possível conversa com Lula pelo apoio.

Interlocutores dizem que, do lado de Temer, há incômodo com as críticas que o petista tem feito às reformas realizadas por seu governo e não faz questão de esconder isso de ninguém.