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Fala de Lula agrada militares, embora ainda haja críticas na caserna
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As declarações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em entrevista ao UOL, de que os militares são mais responsáveis do que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e que não tem queixa do comportamento das Forças Armadas foram bem recebidas por militares da ativa. Apesar disso, o petista ainda é alvo de críticas de parte do generalato.
A avaliação é que o ex-presidente, ao isolar Bolsonaro, não feriu o brio das Forças Armadas como instituição de Estado. E que a fala do petista, apesar de possuir um caráter político-eleitoral, demonstra a tentativa de passar uma impressão de moderação e imparcialidade.
"Eu acho que nós temos que ter em conta que os militares são mais responsáveis do que o Bolsonaro. Eu convivi com os militares. Eu posso te dizer que eu não tenho queixa do comportamento das Forças Armadas, nem da Marinha, do Exército e da Aeronáutica", disse Lula, em sua primeira entrevista após se lançar candidato.
Lula disse ainda que não acredita que as "bobagens que Bolsonaro fala" tenham o apoio e o respaldo do Alto Comando.
Alguns militares, ouvidos sob reserva pela coluna, disseram que a fala do petista demonstra sua experiência política e salientaram ser verdadeira a afirmação de que ele trabalhou para valorizar o Exército, a Marinha e a Aeronáutica.
Nas palavras de um oficial de alta patente da ativa, Lula "sabe falar o que o público quer ouvir".
"Quando eu cheguei à Presidência, em 2003, o Exército liberava os soldados porque não tinha dinheiro para dar o arroz. Eu não só garanti que ficassem inteiros para dar o almoço, como eu garanti um curso para fazer o soldado cidadão, fazer o curso do Senai", disse o ex-presidente, que citou também a compra de equipamentos militares para as três Forças.
Um general avaliou ainda que o petista acertou o tom ao abordar de forma propositiva a questão da interferência das Forças Armadas no processo eleitoral ao afirmar que elas não farão parte de uma suposta tentativa de virada da mesa.
Continência disciplinada
Embora a fala tenha agradado parte dos militares, principalmente os da ativa, ainda há críticas ao petista por parte do generalato, o que inclui especialmente oficiais da reserva. A principal delas é que Lula não teria mais condições morais para ser presidente do país, em razão das condenações (anuladas pela Justiça) da Operação Lava Jato.
Na avaliação dos militares mais críticos, Lula dificilmente terá o respeito de todo o contingente militar e, caso seja eleito, terá o que se chama na linguagem dos quartéis de "continência disciplinada". "Não será por respeito de todos, mas por obrigação", explica.
Outro general da reserva crítico ao ex-presidente reconhece que Lula teve uma boa convivência com as Forças Armadas, mas diz que em seu governo algumas tentativas foram frustradas como mudar o currículo das escolas militares e dar mais flexibilidade ao Orçamento da Defesa.
Conversas já acontecem nos bastidores
Nos bastidores, Lula e integrantes do PT já buscam melhorar a relação com a caserna de olho em um eventual governo, conforme mostrou o UOL.
Os militares, no entanto, mantêm a discrição sobre eventuais conversas, com base na avaliação de que a politização das Forças Armadas, independentemente da posição no espectro partidário, provoca desgaste da imagem para eles.
Generais ouvidos pelo UOL afirmam que a situação política de 2022 é bem diferente da de 2018, quando o então comandante do Exército, general Villas Bôas, chegou a receber os pré-candidatos à Presidência e publicou sobre as conversas nas redes sociais.
O atual comandante, general Marco Antônio Freire Gomes, nem mesmo possui contas em redes sociais e, segundo auxiliares, tem evitado aparecer em eventos políticos para não contaminar institucionalmente a imagem do Exército.
Oficialmente, até o momento, não há nenhuma solicitação de pré-candidatos para reuniões com Freire Gomes. Caso haja, todas serão "devidamente estudadas", disse uma fonte do Exército.
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