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Carla Araújo

REPORTAGEM

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Presidente dos Correios prevê lucro de R$ 1,5 bilhão em 2022 e anuncia PDV

General Floriano Peixoto Vieira Neto deixará o comando da estatal no dia 31 de dezembro - Divulgação
General Floriano Peixoto Vieira Neto deixará o comando da estatal no dia 31 de dezembro Imagem: Divulgação

e Letícia Casado, do UOL em Brasília

20/12/2022 12h26

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General da reserva, ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro e presidente dos Correios até dia 31 de dezembro, Floriano Peixoto afirmou, em entrevista à coluna, que deixa o comando da estatal após três anos com a "missão cumprida".

"Hoje temos um Correios economicamente sustentável, competitivo, eficiente e, após anos de revezes, lucrativo", disse.

Segundo o general, no ano passado, a estatal registrou o melhor resultado dos últimos 22 anos, com um lucro de R$ 3,7 bilhões, o que possibilitou o pagamento de dividendos ao governo, na ordem de R$ 260 milhões, e também aumento para os empregados.

"Para este ano, a projeção é de cerca de R$ 1,5 bilhão no resultado recorrente - valor que reflete a realidade mundial do e-commerce pós-pandemia", afirmou.

O general afirmou ainda que, quando assumiu a empresa, em junho de 2019, a situação da estatal era "extremamente crítica". "Uma instituição como os Correios, com a sua centenária história e reconhecida relevância para o País, estava à beira de se tornar dependente do Tesouro Nacional", disse.

"Além do prejuízo que essa condição traria ao erário, da ordem de R$ 18 bilhões, era preciso considerar, também, a qualidade dos serviços prestados aos brasileiros. Resgatá-la, então, passou a ser não apenas uma missão, mas uma necessidade", completou.

Na avaliação do presidente da estatal, a gestão Bolsonaro deixará a empresa "em condições muito melhores do que em 2019". "Deixaremos para a próxima gestão um planejamento elaborado de maneira estritamente técnica, com foco no crescimento e na modernização dos Correios".

Apesar de o general exaltar sua passagem pela estatal, os Correios são lucrativos e, nos últimos 20 anos, repassaram 73% dos resultados positivos acumulados ao seu único acionista, o governo federal. Entre 2001 e 2020, foram 16 anos de lucro e quatro de prejuízo.

PT critica programa de demissão voluntária

Em 2 de janeiro vai começar um PDV (programa de demissão voluntária) nos Correios.

A decisão foi criticada por Paulo Bernardo, coordenador do grupo técnico de Comunicações na transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele disse ao UOL que a atual gestão deveria deixar a nova diretoria assumir para, só então, planejar a reestruturação da empresa, já que caberá ao novo governo lidar com o processo de desligamentos da empresa.

"Se você não vai realizar [o programa de demissão voluntária], deixa a nova diretoria assumir", afirmou o ex-ministro das Comunicações no governo Dilma Rousseff (2011 a 2015) e do Planejamento na segunda gestão Lula (2005 a 2011).

Floriano Peixoto, no entanto, argumenta que o PDV obedece a um planejamento cujo cronograma começou em 2022, com a publicação do Edital, de forma que os desligamentos ocorram em fevereiro de 2023.

Segundo o atual presidente, o programa responde "a vontade dos empregados, dentro do caráter voluntário". O prazo para os funcionários se inscreverem no PDV vai até 24 de janeiro de 2023.

Sem privatização

Conforme mostrou o UOL, o PT não pretende continuar o processo de privatização da estatal. Segundo Paulo Bernardo, "ninguém quer disputar o mercado da Amazônia". "As empresas querem discutir a privatização dos Correios para tirar o concorrente do Rio e de São Paulo", disse.

A privatização dos Correios foi iniciada no governo Bolsonaro, mas está parada no Senado.

Na avaliação de Paulo Bernardo, uma empresa privada não manteria a capilaridade atual dos Correios, que possui agência em todos as cidades do país e entregam correspondência em qualquer lugar.

Questionado qual a sua opinião em relação à privatização, o atual presidente da estatal afirmou que "não há nada o que acrescentar à situação atual, com os estudos encerrados e o PL no Senado". O general disse ainda que o assunto deveria ser tratado no Ministério da Economia.