PF ouve general e coronéis sobre tentativa de golpe de Bolsonaro
A Polícia Federal ouve nesta quarta-feira (6) à tarde um general e quatro coronéis no âmbito do inquérito que apura a tentativa de golpe por parte de integrantes do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). O ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e deputado federal Alexandre Ramagem depôs ontem.
O ex-presidente é um dos investigados. Há a expectativa de que a definição pelo indiciamento ou não neste inquérito saia ainda neste mês.
O UOL apurou que, na lista de militares a serem ouvidos, estão coronéis indiciados na semana passada pela elaboração de uma carta com teor golpista: Anderson Lima de Moura e Fabrício Moreira de Bastos, da ativa, e Carlos Giovani Delevati Pasini, da reserva. Além deles, foi intimado o general Nilton Diniz Rodrigues, comandante da 2ª Brigada de Infantaria de Selva, que fica em São Gabriel da Cachoeira (AM). Ele vai ser ouvido pela primeira vez pela PF. Os depoimentos estão marcados para começarem às 14h.
O coronel Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, da ativa, que teve a investigação sobrestada, em virtude da concessão de uma liminar judicial, também foi chamado a falar.
A PF já obteve indícios de que o então presidente Jair Bolsonaro discutiu uma minuta golpista com os comandantes das Forças Armadas após sua derrota nas eleições, para tentar continuar no poder. O caso foi revelado pelo UOL, em setembro de 2023. Outros auxiliares, civis e militares, também participaram das articulações. O relatório final da PF deve destrinchar o papel de cada um nessas tratativas.
O inquérito que pode implicar Bolsonaro em atos do 8 de Janeiro é o único que atinge militares de alta patente. O caso envolve ex-comandantes das três Forças no governo Bolsonaro. Como revelou o UOL, em manifestação recente, a PGR (Procuradoria-Geral da República) vinculou os atos de 8 de Janeiro à minuta golpista.
Militares acusaram Bolsonaro. Em depoimentos à PF neste ano, os ex-comandantes Marco Antônio Freire Gomes (Exército) e Carlos Almeida de Baptista Jr. (FAB) afirmaram que Bolsonaro teria apresentado a eles uma proposta de minuta golpista para evitar a posse de Lula e manter o ex-presidente no poder.
Chefe da Marinha foi investigado pelo apoio, mas se calou. Segundo os dois ex-comandantes, o então comandante da Marinha, Almir Garnier, teria sinalizado apoio à tentativa golpista e colocado suas tropas à disposição de Bolsonaro. Garnier também foi intimado a depor na PF. Na ocasião, porém, ele ficou em silêncio sobre a tentativa de golpe.
A PF já apresentou relatório sobre as investigações envolvendo fraudes no cartão de vacinação e sobre desvios de joias recebidas como presentes por Bolsonaro. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, solicitou mais algumas diligências, mas expectativa é que uma eventual denúncia seja apresentada a partir deste mês.
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