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Na disputa PT versus PT, Haddad, por enquanto, ganha de 2 a 1
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Não é novidade que o PT, partido do presidente Lula, também faz as vezes "de oposição". Divergências internas —muitas delas públicas— demonstram a queda de braço entre alas da sigla com pensamentos distintos, principalmente quando o assunto é economia.
Filiado ao PT desde 1983 —dois anos após a fundação da legenda—, o ministro Fernando Haddad sempre foi apelidado por correligionários como o "mais tucano dos petistas".
O presidente Lula, no entanto, sabe como ninguém como o partido funciona e deixa correrem soltas as divergências para depois arbitrar e tomar decisões.
Nesse jogo, até o momento, Haddad venceu duas batalhas e foi derrotado em uma: levou a reoneração dos combustíveis e o arcabouço fiscal, mas perdeu a mudança na regra da Receita Federal que acabaria com a isenção de US$ 50 para importações e afetaria varejistas asiáticas.
O recuo, anunciado nesta terça-feira (18), foi resultado de uma crise que durou pouco mais de uma semana.
Em entrevista ao UOL na semana passada, o secretário da Receita, Robinson Barreirinhas, disse que o governo acabaria com uma regra que isenta do imposto de importação as encomendas "de e para" pessoa física no valor de até US$ 50. O objetivo seria combater a sonegação e aumentar a arrecadação. Na prática, a medida encareceria produtos comercializados por varejistas, em especial as asiáticas.
A repercussão nas redes sociais foi maior do que o Planalto e a Fazenda esperavam; "um desastre", nas palavras de um integrante do governo.
A medida estava "redonda" no Ministério da Fazenda e contava com o apoio da PGFN (Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional) e da Receita Federal. O número dois da Fazenda, Gabriel Galípolo, deu entrevista ao Jornal Nacional para explicar a medida. Ainda na China, Haddad também defendeu a proposta. Ou seja, não havia dúvidas que o tema estava pacificado na ala econômica do governo.
A reação nas redes sociais, um ambiente em que o governo Lula ainda tem dificuldades para enfrentar o bolsonarismo, desagradou o presidente, integrantes da ala política e inclusive a primeira-dama, Janja. A avaliação final era a de que a "porrada" contra a medida nas redes sociais "não valia a briga".
Para o Planalto, Haddad foi pouco habilidoso com o tema, sendo o melhor desistir da proposta. O que significou a primeira derrota de Haddad.
E as vitórias?
A primeira batalha de Haddad foi a retomada da cobrança de impostos federais sobre combustíveis nesta semana, após o final do prazo da desoneração para gasolina e etanol, no final de fevereiro. Durante semanas, a medida foi atacada publicamente pela presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e nos bastidores por diversos petistas.
A tensão foi crescente nos últimos dias de fevereiro. Integrantes da equipe econômica cogitavam a possibilidade de deixar o cargo, caso a ala política do governo vencesse. Haddad e Galípolo fizeram dezenas de reuniões com Lula e convenceram o presidente da necessidade da cobrança.
O segundo embate foi a construção da nova regra fiscal. Uma reunião do diretório nacional do PT às vésperas do envio da proposta sintetizou o "fogo amigo" dentro do partido: Gleisi disse que o arcabouço ameaçava inibir o crescimento econômico e correligionários reclamavam por desconhecer a proposta.
Relação de confiança
A despeito da derrota de Haddad, a força do ministro da Fazenda não foi propriamente abalada. No partido é sabido que a relação de confiança de Lula é bastante sólida.
Além do fato de ter sido escolhido como o candidato para substituir Lula em 2018, Haddad ganhou o posto-chave de seu governo mesmo sob críticas e desconfiança de parte do mercado.
Logo depois de eleito, Lula levou Haddad para a COP, no Egito, e acertou sua escolha para Fazenda.
Interlocutores de Lula afirmam que não há "fogo amigo" que quebre a confiança do presidente em Haddad. Além disso, muitos destacam que a lealdade do ministro a Lula faz dele uma peça fundamental no governo.
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