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Arcabouço tem apoio do centrão, mas é alvo de fogo amigo do PT no Congresso

Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann - EDU ANDRADE/Ascom/MF
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann Imagem: EDU ANDRADE/Ascom/MF

Do UOL, em Brasília

06/04/2023 04h00Atualizada em 06/04/2023 14h49

No debate sobre o novo marco fiscal no Congresso, o governo Lula (PT) poderá vir a ter mais resistência dentro da própria base, incluindo o PT, do que por parte do centrão.

O que está acontecendo

  • Petistas e aliados do presidente sinalizam descontentamento com o projeto às vésperas da apresentação ao Legislativo, que deve acontecer na semana quem. A crítica é que a proposta é melhor que o atual teto de gastos, mas ainda tem forte base liberal. Não há expectativa, porém de haver obstrução, e sim resistência.
  • O texto tem amplo apoio de Lula e dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Com isso, não deve haver resistência por parte do centrão, incluindo partidos de oposição e independência.
  • Aliados do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT-SP), defendem o texto, também elogiado pelo vice Geraldo Alckmin (PSB-SP). Elogiada por setores do mercado, a proposta ainda não ganhou confiança de parte da bancada do PT. No bastidores do Planalto e da Fazenda, se fala em "briga de egos" -- comuns no partido.
  • A base aliada argumenta que a pressão "é do jogo político", mas reclama que a Fazenda ainda não apresentou o projeto por inteiro, "apenas um power point".

Reunião tem saia-justa entre petistas

A proposta do novo arcabouço fiscal foi apresentada por Haddad na quinta passada (30) depois de dezenas de reuniões internas, com empresários, parlamentares e lideranças políticas.

Na última reunião no Alvorada antes da apresentação do projeto, houve uma briga entre a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e Haddad, segundo o UOL apurou. Lula teria apaziguado os ânimos e determinado que o partido apoiasse a proposta, mas o descontentamento já havia se tornado público.

O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ) também criticou publicamente a proposta. Em entrevista à Folha, o parlamentar afirmou que a proposta é "politicamente desastrosa". "Eu me lembro do 'Grande Sertão: Veredas', em que Riobaldo tenta vender a alma ao diabo e o diabo nem responde. É mais ou menos o que está acontecendo com o arcabouço", disse.

No PSOL, aliado de primeira hora, também há divergências. Interlocutores no partido afirmam que, dos 13 deputados da legenda, 3 são contra o projeto que ainda será protocolado no Congresso, mas publicamente colocam panos quentes sobre a falta de adesão à matéria.

A bancada, contudo, ainda não se reuniu pra discutir a posição formal, até porque não há um texto protocolado. Mas, até o momento, só houve manifestações contrárias ao novo arcabouço e nenhuma a favor.

No centrão, negociação segue em paz

A votação do novo arcabouço fiscal será a primeira prova de fogo do governo Lula no Legislativo. o Executivo precisa aprovar a proposta tida como prioritária nas medidas econômicas.

Com apoio de Lira e Pacheco, o centrão deverá votar em peso pela proposta — o que não significa, porém, garantia de maioria.

Já entre os partidos de esquerda a previsão não se coloquem contrários à matéria, mas que afirmem apoio com ressalvas ao texto. Os parlamentares estudam apresentar emendas em relação a alguns pontos, como a vinculação dos investimentos.

Há críticas da base aliada acerca da articulação política, sobretudo em relação ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT-SP). Nos bastidores, a queixa é de falta de atenção dele a deputados de esquerda, enquanto parlamentares do centrão, principalmente do União Brasil, teriam tido mais acesso ao político.