Mauro Cid gravou reunião de Bolsonaro que embasou ação da PF e todos sabiam
Ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o tenente-coronel Mauro Cid tinha por hábito gravar a rotina do mandatário para, a princípio, fornecer material para as redes sociais.
Cid foi uma espécie de "homem sombra" de Bolsonaro nos seus quatro anos de governo. E ganhou ainda mais destaque na função de "cinegrafista" durante a campanha eleitoral de 2022.
Segundo ministros do antigo governo ouvidos pela coluna, a reunião que embasou a operação da Polícia Federal foi filmada por Cid com o conhecimento de todos os que estavam na sala.
De acordo com um participante da reunião, o então ajudante de ordens de Bolsonaro posicionou o tripé e o celular na frente de todos, "sem esconder de ninguém".
Cid e o então assessor Filipe Martins convocaram a reunião do dia 5 de julho de 2022 com a intenção de debater as urnas eletrônicas. Eles teriam sido os autores da apresentação usada no encontro.
Durante a gravação, Bolsonaro chega a comentar: "Igual aqui, se for gravado. Problema meu se vai ser divulgado ou não".
Mais adiante, alguém pergunta se o encontro está sendo gravado. Bolsonaro diz que não, que pediu para registrar apenas a fala dele. Mas a gravação continua.
Ex-integrantes do governo Bolsonaro dizem que naquele momento —em julho de 2022— o governo estava "desestruturado" com o início da campanha eleitoral.
Bolsonaro se mostrava cada vez mais nervoso com a possibilidade de deixar o poder e tinha diferentes núcleos de "conselheiros".
Cid passou a ter mais espaço no governo, mas antigos ministros ouvidos pela coluna dizem que ele não tinha influência sobre Bolsonaro.
Com relação à manutenção dos arquivos das gravações e se Cid ou Bolsonaro tinham alguma intenção em registrar reuniões, ex-integrantes dizem que o uso principal era alimentar as redes sociais.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.