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Carlos Madeiro

REPORTAGEM

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PE: Candidatos perguntam a Marília e a bolsonarista ausentes no debate

Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL) faltaram ao debate desta noite - Reprdoução
Marília Arraes (SD) e Anderson Ferreira (PL) faltaram ao debate desta noite Imagem: Reprdoução

Colunista do UOL

28/09/2022 00h26Atualizada em 28/09/2022 00h26

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Com uma inovação, o debate dos candidatos ao governo de Pernambuco na Globo Nordeste reservou um espaço no primeiro bloco para que os concorrentes pudessem perguntar aos nomes ausentes, no caso, Marília Arraes (Solidariedade) e Anderson Ferreira (PL). Não foi dada explicação oficial para a falta de ambos ao evento.

Primeiro a perguntar, o candidato João Arnaldo (PSOL) questionou Anderson sobre o que seria a "pior gestão de Pernambuco" feita por ele à frente da Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, na Grande Recife (ele governou a cidade entre 2017 a 2022).

Em seguida, direcionou a pergunta a Miguel Coelho (União Brasil), atacando a gestão da saúde e educação de Petrolina, que este governou até abril. O ex-prefeito disse que tinha orgulho da gestão e disse que a cidade era a melhor em qualidade de vida.

Danilo Cabral (PSB) fez a pergunta a Marília e pediu para que ela falasse "apenas três coisas" feitas por ela quando esteve à frente das secretarias de estado e da Prefeitura do Recife.

Em sua réplica, Danilo voltou a atacar Marília e questionou se alguém contrataria um empregado "sem fazer uma entrevista, sem saber o que ele fez, por onde ele passou e se era um bom funcionário".

Ainda disse que Marília esteve ausente, em seu mandato de deputada federal, de votações como a da flexibilização de armas, as dívidas do Fies (Financiamento Estudantil) e de punição a 'furas fila' da vacina e citou que ela recebeu dinheiro do orçamento secreto.

Pastor Wellington (PTB) foi o único que não perguntou a ausentes e acusou Danilo Cabral de esconder o governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, João Campos (PSB). Em sua resposta, Cabral citou que estava à frente do "time do presidente Lula".

Raquel Lyra também optou por fazer uma pergunta a Marília Arraes. Citou que ela não esteve em nenhum debate e questionou se ela seria uma continuidade ao governo de Paulo Câmara. Em seguida, perguntou ao Pastor Wellington sobre educação.

Miguel Coelho citou a tragédia causada pelas chuvas em Jaboatão dos Guararapes e diz que Anderson Ferreira "não deu a mínima atenção" aos moradores de áreas de risco. Em seguida, perguntou a Raquel Lyra sobre o abastecimento de água no interior do estado.

Lugar vazio da candidata Marília Arraes, líder nas pesquisas em PE - Reprodução - Reprodução
Lugar vazio da candidata Marília Arraes, líder nas pesquisas em PE
Imagem: Reprodução

Outros blocos

Nos demais blocos, os candidatos fizeram apenas perguntas entre si. Danilo Cabral, em uma questão sobre desemprego, citou que ele era fruto do mau governo de Jair Bolsonaro (PL). Disse ainda que, entre as medidas que contribuíram para a falta de empregos, estaria a votação da reforma trabalhista, que o "PSDB teria defendido", numa alfinetada a Raquel Lyra.

Danilo acusou ainda, na tréplica, que ela deixou um déficit de R$ 26 milhões nas contas públicas da Prefeitura de Caruaru. "Você não foi a bala toda que está falando", disse.

Já o candidato João Arnaldo, que foi candidato a vice-prefeito do Recife de Marília Arraes, não poupou ataques à ex-colega ao dizer que ela se aliou a bolsonarista e a um ex-secretário de Danilo Cabral, em referência aos candidatos de sua chapa ao Senado, André de Paula (PSD), e seu vice, Sebastião Oliveira (Avante).

Arnaldo ainda disse ainda que "todos os candidatos são farinha do mesmo saco". "São aliados desde sempre, mas sabem que Paulo Câmara está desgastado e estão disputando quem vai sentar na cadeira dele".

Já o Pastor Wellington teve um direito de resposta após ser chamado de Danilo Cabral de "laranja", disse que não tinha predileção nas críticas e citou que seria perseguido como cristão.

Briga pelo segundo turno

O clima esquentou no terceiro bloco, quando Danilo e Miguel trocaram farpas. O candidato do PSB citou uma reportagem do UOL sobre um empresário da lista suja do trabalho escravo, que doou R$ 600 mil à campanha do candidato, e perguntou a relação dele com o empresário. "É dinheiro sujo na campanha de Miguel."

Miguel disse que isso se tratava de "jogo sujo, baixo" e citou que Danilo deveria responder às operações investigando o governo do estado. "Todas as doações seguiram a legislação."

Danilo retrucou que Miguel fugiu da resposta e disse que quem tinha problemas com a PF era a família dele, citando operações.

Miguel mandou Danilo "respirar um pouco" e negou ter sido investigado nos casos citados. "Tu, que é o único que sobrou do PSB para ser candidato, deveria ter a seriedade e falar a verdade", rebateu.

Em outro momento, Raquel Lyra acusou Miguel Coelho de "fraude na licitação" de ônibus urbano.

Disputa acirrada

Segundo pesquisa Ipec divulgada nesta terça-feira, há um empate técnico entre quatro candidatos no segundo lugar:

  • Marília Arraes (SD) - 34%
  • Raquel Lyra (PSDB) - 15%
  • Miguel Coelho (UB) - 13%
  • Danilo Cabral (PSB) - 13%
  • Anderson Ferreira (PL) - 11%

A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.

O levantamento ouviu pessoalmente 1.504 eleitores em Pernambuco entre os dias 24 e 26 de setembro em 57 cidades pernambucanas. O nível de confiança, segundo o instituto, é de 95% e a margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número BR-02828/2022 e custou R$ 117.349,89.