Topo

Carlos Madeiro

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

Por que o governo destrói aeronaves de garimpeiros em vez de confiscar?

Colunista do UOL

14/02/2023 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Imagens de um avião e um helicóptero sendo queimados por agentes federais durante operação contra o garimpo ilegal chamaram a atenção na última semana e geraram o questionamento: por que não confiscar, leiloar ou até mesmo usar esse equipamentos em vez de destruir?

Questionado sobre o tema, o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis) explicou que há dificuldades em retirar equipamentos da Terra Indígena.

Na maioria dos casos, a retirada de maquinário pesado de áreas como terras indígenas é inviável do ponto de vista logístico. Não por acaso, tanto a legislação quanto a decisão judicial que determina o combate ao garimpo em território yanomami permitem a destruição desses equipamentos pelo Ibama
Ibama

O órgão também explicou que, em atividades ilegais, a preocupação em fazer as corretas manutenções não existe. Isso impossibilita o uso seguros das aeronaves. "Frequentemente, as aeronaves encontradas contêm modificações estruturais ou funcionam em situações precárias. Nesses cenários não é possível garantir a segurança da equipe e o voo se torna absolutamente temerário."

Além disso, há um objetivo econômico na queima dos objetos. "O impacto financeiro provocado pela destruição dos equipamentos dificulta a continuidade da atividade ilegal. Descapitalizados, os infratores costumam levar mais tempo para restabelecer condições de retomar a operação."

Na terça feira da semana passada, uma operação do Ibama juntamente com a Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Força Nacional havia encontrado e destruído:

  • 1 helicóptero,
  • 1 avião,
  • 1 trator de esteira
  • Duas armas
  • 3 barcos com cerca de 5 mil litros de combustível;

No rio Uraricoera, Ibama e Força Nacional instalaram uma base de controle para impedir o fluxo de suprimentos para os garimpos.

O objetivo da operação é "inviabilizar linhas de suprimento e rotas que abastecem e escoam a produção do garimpo, além de garantir a permanência das equipes de fiscalização por prazo indeterminado."

Na sexta-feira, a PF (Polícia Federal) iniciou as ações de erradicação do garimpo em terras yanomamis, no âmbito da Operação Libertação.