Carlos Madeiro

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Garimpo ilegal em área protegida cresceu 90% sob Bolsonaro, apontam dados

A atuação de garimpo no país cresceu 90% em áreas protegidas entre os anos de 2019 e 2022, período do governo Jair Bolsonaro. Os dados constam de mapeamento divulgado hoje pelo projeto MapBiomas.

O que diz o estudo

Em 2018, havia 54,2 mil hectares de área ocupada pelos garimpeiros em unidades de conservação e terras indígenas. Foi o último ano do governo de Michel Temer (MDB).

Já em 2022, esse território invadido saltou para 103,4 mil hectares — área equivalente à soma dos territórios de Salvador e de Fortaleza.

Veja no gráfico abaixo (TI - Terras Indígenas; UC - Unidades de conservação):

Mapa do garimpo 2022
Mapa do garimpo 2022 Imagem: MapBiomas

A coleta de informações, do relatório "Destaques do Mapeamento Anual de Mineração no Brasil", é feita desde 1985 pelo MapBiomas. Essa é uma rede formada por organizações não governamentais, universidades e empresas de tecnologia que monitora as alterações do uso na terra no Brasil, a fim de ajudar na conservação da terra e combate às mudanças climáticas.

Crescimento dos garimpos desde o governo Dilma (PT). As três primeiras áreas garimpadas surgiram no Brasil há mais de 20 anos, mas tiveram um aumento substancial nos últimos dez anos, segundo os estudos.

Um dos casos é a Terra Yanomami, que viveu nos últimos dois anos uma tragédia humanitária com casos de desnutrição, alcoolismo e doenças causadas pelo avanço dos garimpeiros, além das áreas destruídas.

As terras indígenas com maior área de garimpo são:

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  • Kayapó (13,7 mil hectares)
  • Munduruku (5,5 mil ha)
  • Yanomami (3,3 mil ha)
  • Tenharim do Igarapé Preto (1 mil ha)
  • Sai-Cinza (377 ha)

As unidades de conservação com maior área de garimpo são:

  • APA do Tapajós (51,6 mil hectares)
  • Flona do Amaná (7,9 mil ha)
  • Esec Juami Jupurá (2,6 mil ha)
  • Flona do Crepori (2,3 mil ha)
  • Parna do Rio Novo (2,3 mil ha)

Uma das consequências do garimpo é o assoreamento dos rios e a contaminação de suas águas, aponta o MapBiomas.

As imagens de satélite mostram que as bacias mais afetadas pela atividade garimpeira são Tapajós, Teles Pires, Jamanxim, Xingu e Amazonas. Essas cinco bacias representam 66% da área garimpada do país.
MapBiomas

Imagem de satélite mostra área de garimpo em Itaituba (PA)
Imagem de satélite mostra área de garimpo em Itaituba (PA) Imagem: MapBiomas
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Garimpo cresceu nos últimos dez anos

Na última década, o Brasil viveu uma explosão do garimpo. Em 2012, por exemplo, a área mapeada da atividade no país era de 107 mil hectares. No ano passado, esse número chegou a 263 mil, mais que o dobro.

Somente entre 2021 e 2022, anos em que o aumento foi recorde, a área de garimpo no país expandiu 79 mil hectares.

O tamanho desses garimpos se sobressai nos mapas, sendo facilmente identificável até por leigos. Surpreende que ano após ano ainda subsistam. Sua existência e seu crescimento são evidências de apoio econômico e político à atividade, sem os quais não sobreviveriam, uma vez que estão em áreas onde o garimpo é proibido.
César Diniz, coordenador técnico do mapeamento de mineração do MapBiomas

O que mais diz o estudo:

  • 92% da área garimpada está na Amazônia;
  • 40,7% da área garimpada na Amazônia foi aberta nos últimos cinco anos;
  • 85% da área garimpada é atribuída à extração de ouro;
  • 80% do garimpo está concentrado nos estados do Pará e Mato Grosso;
  • 16% da área minerada do país está apenas em um município, Itaituba (PA).
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02.fev.2023 - Rio contaminado por mercúrio do garimpo na terra indígena Yanomami
02.fev.2023 - Rio contaminado por mercúrio do garimpo na terra indígena Yanomami Imagem: Fernando Frazão / Agência Brasil

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