Médica sob suspeita foi ao cabeleireiro após marido ser morto, diz cunhada
A médica Rosana Rodrigues, irmã do advogado José Lael, afirmou que a viúva suspeita de planejar a morte do marido, em Aracaju, apresentou um "comportamento muito estranho" após o assassinato, na noite de 18 de outubro. O fato chamou a atenção da família.
A cirurgiã plástica Daniele Barreto foi presa com outros quatro suspeitos da morte de Lael e da tentativa de assassinato do filho dele.
Após o falecimento, foi um comportamento muito estranho: ela não participou do sepultamento. A cidade é pequena, então chegou aos nossos ouvidos que ela havia ido ao cabeleireiro logo depois e mandou uma empresa de limpeza limpar o sofá e as cadeiras para tirar o cheiro dele dentro de casa.
Rosana Rodrigues
Rosana conta ainda que se chocou, no dia seguinte, ao passar na casa do irmão. "Fui lá pegar roupas para o meu sobrinho, que estava hospitalizado, e me deparei com a empregada com malas e todos os pertences do meu irmão para nos entregar porque ela estava querendo doar."
Além disso, a cunhada conta que recebeu informações de que a médica teria alugado uma casa de praia e viajado. "O comportamento não foi o de uma viúva, porque nós estamos dilaceradas, perdemos um ente querido, maravilhoso; uma pessoa protetora que cuidava de nós e incapaz de apunhalar alguém pelas costas."
Rosana diz que a família está preocupada em entender a motivação do crime. "Ainda tem outros dois filhos, dois herdeiros. Então se a motivação foi dinheiro, não sei qual é o risco que os meus sobrinhos correm por causa disso", relata.
A investigação apontou que havia um histórico de atritos entre o casal, inclusive com tentativas de separação que nunca se concretizaram, disse a delegada Juliana Alcoforado, diretora do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), em entrevista coletiva.
"Existia até a suspeita, por parte da vítima, de caso extraconjugal que teria levado a uma briga ocorrida entre o casal na véspera. Temos imagens dessa discussão que ocorreu onde a esposa tem uma clínica", conta a delegada.
Sobre a afirmação da polícia de que eles teriam um relacionamento conturbado, Rosana confirmou desentendimentos entre o casal, mas, segundo ela, longe de motivarem alguma violência. Ela não citou caso de traição.
Claro que todo casal briga, e havia uma briga muito grande dele com ela em relação às pessoas que a cercavam. Ele desconfiava que essas pessoas não eram pessoas do nível dela e havia quase uma organização criminosa ao redor dela.
Rosana Rodrigues
O comportamento de Daniele ao longo do casamento com Lael, diz Rosana, nunca chamou a atenção da família a ponto de levantar suspeitas. "Vocês podem ver nas redes sociais, são mil juras de amor, viagens", diz.
O meu irmão confiava confiava, até porque ela era uma pessoa que era como nós, médicas. O exemplo que ele tinha de mulheres em casa era o de minha mãe, eu e minha irmã, pessoas honradas e profissionais que dedicam a vida a ajudar as outras pessoas.
Rosana Rodrigues
Antes de casar com Lael, ela diz que Daniele veio de um "relacionamento conturbado" e que seu irmão a ajudou. "Ele lutou pela guarda do filho dela. Nós sempre os apoiamos e nunca percebemos absolutamente nada. Não imaginava que isso pudesse acontecer com ele. Isso destruiu a nossa família", lamentou.
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José Lael era advogado criminalista e foi morto por dois homens, que o abordaram, desceram de uma motocicleta e dispararam contra o carro dele. O filho de Lael, que também estava no carro, Guilherme Rodrigues, 20, também foi atingido, mas foi socorrido e sobreviveu.
O crime aconteceu na avenida Jorge Amado, no bairro Jardins, zona sul da capital sergipana.
A apuração começou com levando em conta que ele, como criminalista, poderia ter sido morto pelo crime organizado. Mas uma imagem intrigou os investigadores: um carro branco chegou quase no exato momento em que Lael e o filho deixavam o prédio onde moram. O veículo acompanhou as vítimas e participou da execução do crime.
Essa imagem chamou atenção porque nos deu a ideia de que havia informações privilegiadas. Alguém passou o momento exato em que eles saíram de casa. Fomos investigar e vimos que só a esposa estava em casa.
Juliana Alcoforado
A partir daquele momento, as vítimas foram perseguidas pelo carro e por uma moto, onde estavam as duas pessoas que executaram o advogado.
Lael e o filho param para comprar açaí a pedido de Daniele e, no caminho de volta, continuaram sendo seguidos. "Em um dado momento, em um retorno, eles emparelharam o carro e deflagraram os disparos", conta a delegada.
Segundo a polícia, quem ajudou a médica a contratar os assassinos foram a secretária dela e uma amiga. Duas pessoas foram contratadas para executar o crime. Os cinco foram identificados e presos nesta terça-feira (12) —os nomes dos suspeitos não foram divulgados.
Daniele é uma médica famosa no estado e tem 145 mil seguidores apenas no Instagram. Ela usa o perfil para compartilhar parte de sua rotina de trabalho e momentos com a família. Além de Sergipe, ela também tem registros para atuação nos estados da Bahia e do Rio de Janeiro
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