Roupa preta, máscara e arma do pai: como agia o serial killer de Maceió
Ao matar ao menos dez pessoas em um período de dez meses em Maceió, o serial killer Albino Santos de Lima, 42, deixou suas digitais nos crimes, que o levaram a ser identificado e preso pela polícia.
Durante a apuração, que contou com mais de 30 laudos da Polícia Científica de Alagoas, pontos similares das mortes ligaram Albino às cenas dos crimes. Ele foi detido no último dia 17 de setembro em casa, onde também foram apreendidos dados e fotos de futuras possíveis vítimas.
As câmeras de segurança que flagraram os crimes mostraram um padrão: o assassino usava sempre roupa preta, máscara facial e boné. As mortes eram praticadas à noite, e o assassino ia, em todos os casos, a pé ao encontro das vítimas.
A forma como matava também era idêntica. Ele chegava e dava tiros na cabeça, sem chance de reação. "Eram entre um a cinco tiros. Existia um padrão quando a gente analisava os casos", conta Camila Valença Lins, chefe administrativa do Instituto de Criminalística.
Para cometer crimes, ele usava a pistola .380 de propriedade do seu pai, um policial militar aposentado, que não teve o nome revelado. Ele foi indiciado por deixar a arma com o filho.
Sequência de assassinatos começou em outubro do ano passado
Albino tinha ensino médio completo e atuou por uma década como agente penitenciário em Alagoas. Ele deixou o emprego após um acidente de moto em 2020.
O serial killer morava no bairro da Ponta Grossa, na parte baixa de Maceió, também desde o ano de 2020. Foi nessa área que ele fez a maioria das vítimas.
Segundo a polícia, chegar ao assassino foi como montar um quebra-cabeças. Albino selecionava suas vítimas por meio do Instagram e tinha também um padrão: eram mulheres, morenas, jovens e bonitas. Entretanto, como ele não fazia contato com elas. Não deixava rastros nas redes sociais.
"Ele disse que fazia trabalho de 'inteligência.' Teve vítima que ele ficou estudando por seis meses. Eram pessoas com Instagram aberto, que postavam o dia a dia", relata a delegada Tacyane Ribeiro, do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) e uma das responsáveis pelas investigações.
Outra dificuldade foi o horário das mortes. "Por sempre o crime ser no período da noite, também dificultava para capturar imagens com qualidade pelas câmeras de segurança", conta Gilson Rego Sousa, delegado DHPP, chefe de oito dos nove inquéritos.
As vítimas de Albino tinham entre 14 e 25 anos, e sete das dez identificadas eram mulheres, uma delas trans. Veja aqui o nome e data da morte de cada um dos alvos.
O primeiro homicídio ocorreu em outubro de 2023. Em dezembro, ele matou mais pessoas. Este ano, as outras cinco mortes ocorreram nos meses de janeiro, junho e agosto.
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Quero receberTivemos dificuldades iniciais porque o assassino cometia crimes em um raio de 850 metros, o que no início dificultou o trabalho da polícia. Com o passar do tempo, ele foi relaxando as cautelas e acabou expandindo a área e conseguimos identificar.
Gilson Rego
Para monitorar os alvos, Albino ficava sempre de olho nas redes sociais das vítimas. Uma delas, um homem, foi perseguido enquanto fazia um vídeo ao vivo, que serviu de referência para ser encontrado e morto.
À polícia, Albino confessa oito das dez mortes, mas nega um duplo homicídio de dezembro de um casal que frequentava a mesma igreja que ele. "Mas temos provas, foram mortos com a mesma arma", diz o delegado.
A defesa de Albino alegou ao programa Fantástico, onde o caso foi revelado inicialmente, que ele tem a "cabeça de uma pessoa doente, sociopata." "Esse vai ser o caminhar da minha defesa, visto que ele tem direito, mesmo sendo um 'serial killer'", afirma o advogado Geoberto Bernardo de Luna.
Segundo o delegado Gilson Rego, a confirmação ou não de transtorno mental será definida por exame psiquiátrico. "No depoimento, ele aparentou ser uma pessoa calma, inteligente, meticulosa e metódica. Não aparenta ter problema cognitivo", cita.
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