Bolsonaro pede o impeachment. Vão atendê-lo?
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
É possível entender, em parte, a hesitação demonstrada por responsáveis pelas principais instituições do país em dar ao presidente Jair Bolsonaro a resposta à altura de seus atos insanos. Mal saído de um impeachment, não seria nada bom que o Brasil tivesse um outro presidente apeado do poder. Em meio à pandemia, a confusão seria maior ainda.
Por isso, os presidentes da Câmara e do Senado e os ministros do STF têm aturado provocações em lives presidenciais, xingamentos das redes sociais bolsonaristas e uma sequência de manifestações golpistas, de malucos pedindo intervenção militar e um novo AI-5.
Hoje, em Brasilia, porém, Bolsonaro atravessou a linha vermelha. Em meio a simpatizantes, fez discurso digno de candidato a ditador, em frente ao Quartel General do Exército. Pretendeu inflamar a massa, bradando que não vai negociar nada (?) e pregando que o povo (?) exerça o poder.
Se as instituições brasileiras não responderem firmemente a essa performance, estaremos acelerando rumo ao fundo do poço.
O motivo do congelamento dos pedidos de impeachment que chegaram às mãos do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, seria o cálculo de que, apesar de baixo, o percentual de eleitores que apoia o presidente está ainda na casa dos 30%. Muito distante de Dilma Rousseff, cujo contingente de apoio não passava de um dígito.
Também os oficiais das Forças Armadas gostariam que o presidente chegasse ao fim de seu mandato, apesar de serem muitas vezes expostos ao ridículo.
Mesmo os partidos de esquerda, como PT e PSOL, resolveram não desfraldar a bandeira do impeachment. Pretendiam focar os esforços no combate à covid-19.
Apesar disso, Bolsonaro pede todo dia para ser impichado. Comete gafes, impropriedades e gestos capitulados na Constituição como crimes. Mesmo que não seja o momento adequado, já que a pandemia se aproxima de seu pior momento, talvez não haja outra saída a não ser atendê-lo e iniciar o processo de impedimento.
Sem saber o que fazer com a economia e com o destino do país após a devastação do coronavirus, o próprio Bolsonaro parece querer isso. Assim poderá posar de mártir para as poucas centenas de fanáticos que o apoiam e só parecem mais numerosos porque ocupam mais espaço dentro de seus carros e nas redes sociais.
Infelizmente, isso acontece em meio à maior peste enfrentada pela humanidade, que matará milhares de brasileiros. Para o presidente Bolsonaro, porém, isso é somente um detalhe.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.