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Para o governo Bolsonaro, agro é morte
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Na essência, é nobre a tarefa dos agricultores brasileiros. Preparar a terra, plantar, colher e distribuir alimentos é trabalho fundamental para qualquer país. Hoje, no dia dedicado à categoria, o governo Jair Bolsonaro decidiu homenageá-la nas redes sociais se referindo não à beleza dessa missão, mas a um aspecto trágico. Na imagem comemorativa publicada pela Secretaria de Comunicação, o homem que aparece de perfil não segura uma enxada, mas um rifle.
A obsessão doentia de Bolsonaro e seus cúmplices pela morte e pela violência está institucionalizada, se estende a praticamente todos os setores do governo.
Na postagem em referência aos homens do campo, que após a repercussão negativa foi apagada, a ideia era contemplar não só a parcela do agro que reivindica armas para garantir segurança em lugares remotos, distantes de unidades policiais, mas também o grupo de "caciques" agrícolas que recorre a jagunços para tomar terras e atacar agricultores pobres.
Bolsonaro pouco se importa com a tarefa primordial de criar políticas que garantam o abastecimento de alimentos a preços acessíveis à mesa do brasileiro. Em entrevista a uma rádio baiana na manhã de hoje, louvou a alta da exportação dos produtos agrícolas e reconheceu que a prioridade para o mercado externo faz subir o preço da comida no Brasil. Diz, porém, que não vai intervir e entrega ao mercado o destino da segurança alimentar de seus compatriotas.
Por isso, um estudo da Universidade de Oxford e do Banco Mundial mostrou que o Brasil é o país onde os alimentos tiveram a maior alta na pandemia. Em um ano, o quilo do arroz saltou 70%; o feijão preto ficou 51% mais caro; a carne subiu quase 30%.
A esse quadro dramático, em que tantos brasileiros pobres são privados de fazer suas refeições, Bolsonaro assiste com indiferença, como se não fosse presidente da República.
Sua fixação é garantir aos agricultores a posse e o porte de armas, isentando o poder público de exercer o monopólio do uso da força.
Claro que há plantadores indefesos diante da insegurança que é uma das grandes pragas do país, inclusive nas áreas rurais. Mas também há os agricultores que agem fora da lei.
Não custa lembrar que a investigação policial do caso do facínora Lázaro Barbosa, que passou 20 dias em fuga nas terras de Goiás, ainda não esclareceu se ele realmente teria sido contratado por um fazendeiro ´da região para cobrar dívidas ou aterrorizar desafetos para expulsá-los de suas terras, como chegou a ser cogitado.
Será esse um dos motivos do sigilo de cinco anos que a Polícia Civil goiana impôs à operação?
Durante boa parte da história da humanidade, a atividade de plantar e colher inspirou belas metáforas que remetem à vida, ao desabrochar sob condições adversas e ao ato de alimentar quem tem fome. Muitas músicas, livros e filmes foram criados manejando essas analogias.
Nesse Dia do Agricultor, o governo brasileiro não deu a mínima para isso.
Para Jair Bolsonaro, o agro não é pop, nem é tech.
A julgar pela postagem de hoje, em que o jagunço é a estrela principal, o presidente está convicto que o agro é morte.
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