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Delírios de Bolsonaro e seus militares deixam Brasil real à deriva
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Há algumas semanas o Brasil está paralisado por causa de uma discussão sem pé nem cabeça. O presidente Jair Bolsonaro intensificou seus ataques ao processo eleitoral brasileiro e aumentou as ameaças golpistas caso a votação em urnas eletrônicas seja mantida como está. Não apresentou qualquer indício de fraude para sustentar seus ataques, apenas vídeos e argumentos que todos sabem que são falsos.
Apesar disso, diante da ameaça golpista de Bolsonaro e sua campanha para descredibilizar as urnas eletrônicas, este virou o assunto predominante no país.
A rotina de mais de 800 mortes diárias por covid-19 e os alertas sobre o perigo que representa a variante delta não interessam ao presidente.
Também ficaram em segundo plano a alta no preço dos alimentos, a taxa estratosférica de desemprego, o aumento do desmatamento, a fuga de investimentos estrangeiros, o pagamento dos precatórios...
Esses e outros assuntos fundamentais para os brasileiros aparecem apenas de forma meteórica na pauta presidencial. Bolsonaro só quer saber de insuflar seus apoiadores a pedir voto impresso, insultar ministros do Supremo Tribunal Federal e Tribunal Superior Eleitoral e repetir ameaças golpistas.
A desenvoltura com que o presidente faz avançar seu roteiro insólito só é possível porque muitos oficiais de alta patente das Forças Armadas deliram junto com ele. Críticas desproporcionais ao STF, crença na cloroquina, paranoia comunista, negacionismo ambiental, tudo isso é compartilhado por muitos generais, brigadeiros e almirantes.
É esse grupo que está no poder.
A outra parcela desses chefões fardados, aquela que acredita na ciência, na institucionalidade e na separação entre militarismo e política, se mantém discreta — como, aliás, recomenda o regulamento da caserna.
Os militares que estão visíveis, no entanto, acabam representando para o país as Forças Armadas.
Isso causa prejuízo aos próprios militares, que 35 anos depois voltam a ter a imagem associada ao golpismo, e provocam prejuízo maior ao país, que se sente sob chantagem tácita do presidente, enquanto os problemas reais se avolumam.
Não há dúvida de que o quadro atual só beneficia uma pessoa: Jair Bolsonaro
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