Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
O torturador e seus apoiadores se igualam na covardia
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Todo torturador é um covarde. Aproveita-se da circunstância em que um adversário está subjugado, sem condições de defesa, para dar vazão a truculência, sadismo e perversão. Nem mesmo em guerras essa infâmia é permitida. A Terceira Convenção de Genebra, de 1929, proíbe que prisioneiros sejam submetidos a tortura, pressão física e psicológica e tratamentos desumanos.
Apesar disso, a ditadura militar que se instalou no Brasil em 1964 matou e torturou muitos de seus oponentes. As sevícias que militares e policiais apoiadores do regime impuseram aos ativistas presos bateram recorde de degeneração moral. Choques elétricos nos órgãos genitais, sessões de agressão no pau de arara, enforcamentos, ameaças a familiares e muitas outras modalidades de aniquilamento físico e psicológico foram postas em prática nos porões da ditadura.
Com a jornalista Miriam Leitão, que na época era militante do PC do B, o nível de perversão foi absurdo. Presa em 1972, em Vila Velha, no Espírito Santo, ela levou tapas, chutes e golpes na cabeça. Foi obrigada a ficar nua na frente de 10 soldados e três agentes da repressão. Era constantemente ameaçada de fuzilamento e passou horas trancafiada em uma sala escura com uma jiboia.
O episódio horrendo volta a ser rememorado agora por causa de um comentário do filho presidencial e deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Tudo porque Miriam escreveu que é um engano os candidatos da chamada terceira via tratarem Lula e Bolsonaro como iguais, já que o presidente atual é inimigo da democracia (inacreditável que alguém não tenha percebido isso ainda).
Eduardo reagiu de forma torpe. Em um tuite sobre o assunto, disse que tinha pena da cobra.
É preciso constatar: quem apoia torturadores se iguala em covardia a esses criminosos.
Os que exaltam e puxam o saco dos brucutus criam o clima para que as sevícias sejam perpetradas. Normalizam as barbaridades cometidas pelos algozes, incentivam os psicopatas e os transformam em heróis.
Jair Bolsonaro tem como modelo o covarde coronel Brilhante Ustra, um dos que praticaram as violências mais repugnantes com as vítimas. Seu filho, Eduardo, acha lícito fazer ironia com uma mulher que foi torturada. O ministro da Defesa exalta o golpe de 64. Bolsonaristas com e sem mandato aplaudem esse espetáculo bizarro.
Não é possível que o Brasil siga caminho promissor sem recuperar um mínimo de dignidade. O grupo que está atualmente no poder, como se vê, não tem essa condição. Praticamente todos da facção que emergiu em 2018 almejam ser pusilânimes — e conseguem com folga.
É preciso urgentemente varrer essa gente da vida nacional. As urnas são um bom instrumento para isso.
Na contramão do que querem fazer crer Eduardo Bolsonaro e seu pai, o país precisa provar a si mesmo que não se tornou uma nação de covardes.
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