Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
No Rio, a matança substituiu a política de segurança pública
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Novamente a população do Rio acordou às voltas com notícias sobre mortes ocorridas durante uma operação policial na favela. Dessa vez, o morticínio aconteceu no Complexo da Penha, conjunto de comunidades na zona Norte, onde pelo menos 21 pessoas foram alvejadas (o número de vítimas pode ser maior). Os detalhes horrendos são os mesmos que se repetem de meses em meses, cada vez em uma área pobre: o barulho aterrador dos tiros, o desfile de armas pesadas, os corpos caídos em vários pontos da região, o sangue pelo chão.
O cenário dantesco é inevitável para os moradores que vão para o trabalho. As crianças ficam em casa, por conta da suspensão das aulas, e o comércio funciona à meia-bomba, sob o medo de novos tiroteios. Todos sabem o que fazer em dias de emergência como os de hoje, já que aprenderam na dor das operações anteriores.
Esse roteiro trágico, que virou rotina para os moradores das favelas, nenhum cidadão de classe média do Rio gostaria de viver. Mas vem do asfalto o aplauso de uma parcela de privilegiados que apoia as operações de guerra em território fluminense. Aos moradores que não têm como residir em outro lugar, resta se resignar com o caos.
Em ocasiões como essa, cabe repetir que ninguém de bom senso quer que as favelas fiquem abandonadas ao domínio de criminosos armados, sejam eles traficantes ou milicianos, sem que a polícia esboce reação. Porém, é desejável que o trabalho policial seja eficiente o bastante para impedir o despejo de armas e drogas nessas áreas. Na tentativa de se antecipar aos criminosos, o trabalho de inteligência seria fundamental, evitaria os tiroteios e diminuiria o risco tanto para moradores quanto para policiais.
A receita de estratégia de segurança é conhecida de todos, mas nunca aplicada.
Não se quer que policiais se tornem alvos de criminosos sem esboçar reação. A meta é justamente reduzir esses embates para aumentar a segurança de moradores e polícia.
As mortes por atacado, que volta e meia chamam atenção do Brasil e do mundo, não têm feito do Rio um lugar seguro. Episódios como esse do Complexo do Alemão ou a matança do Jacarezinho apenas reforçam a ideia de que a cidade é dominada pela barbárie.
Apesar da excitação dos programas policialescos de rádio e TV, que vibram ao transmitir imagens de corpos espalhados nas favelas, esse é o caminho inverso para que o Rio volte a ser visto como uma cidade maravilhosa.
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