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Chico Alves

REPORTAGEM

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Ataques ao STF em canais de extrema-direita no YouTube crescem 300% no ano

15.dez.21 - Sessão plenária do STF - Nelson Jr/STF
15.dez.21 - Sessão plenária do STF Imagem: Nelson Jr/STF

Colunista do UOL

14/07/2022 04h00

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Estão se intensificando os ataques nas redes sociais aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por parte de grupos de extrema-direita que apoiam o presidente Jair Bolsonaro. A constatação está no levantamento do Grupo de Pesquisa em Comunicação, Internet e Política (COMP) da PUC-Rio. As altas mais evidentes são registradas no YouTube e no TikTok.

No YouTube, os vídeos com menções críticas ou ofensivas nos canais bolsonaristas eram 384 em janeiro. De lá para cá, as publicações vieram crescendo mensalmente. Em maio foram registrados 1524 vídeos (alta de 300%). Houve ligeira baixa em junho: 1409.

"Toda a semana há acontecimentos específicos envolvendo algum ministro ou algum dos tribunais que ganham destaque no meio da extrema-direita", diz a pesquisadora Letícia Capone. "Na maioria das vezes, o objetivo dos comentários é esvaziar a importância do STF e TSE no cenário brasileiro".

Menções a ministros do STF por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro - Divulgação - Divulgação
Menções a ministros do STF por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro
Imagem: Divulgação

No TikTok, o levantamento é feito por hashtags que tenham termos que explicitam algum risco a estabilidade democrática. Em 2020, a hashtag stfvergonhanacional, por exemplo, teve 197.622 curtidas em vídeos assistidos 3.743.18 vezes. Em 2021, a mesma referência subiu para 2.823.912 curtidas em vídeos vistos 46.682.640 vezes. Somente até maio deste ano, a hashtag tem 1.861.563 curtidas em vídeos assistidos 31.681.454 vezes - o que indica que este ano vai superar em muito o ano passado.

"Temas factuais ligados ao Judiciário, como inquérito das fake news, Allan dos Santos ou Daniel Silveira, são utilizados como pautas e extrapolam para comentários que tentam deslegitimar os ministros diante de algum fato ocorrido", explica a pesquisadora.

Segundo Letícia, os acordos estabelecidos com plataformas de redes sociais para controle de desinformação e discurso de ódio são um avanço mas há muito a ser melhorado. "O YouTube retirou vários vídeos contendo conteúdo falso e desinformação sobre a eleição de 2018, mas ainda carecem de maior eficácia".