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Janones: 'Quero discutir em alto nível, mas Bolsonaro só entende 5ª série'
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Os líderes da disputa presidencial são Luiz Inacio Lula da Silva e Jair Bolsonaro, mas nas redes sociais um outro nome da política tem aparecido em destaque. André Janones, o deputado mineiro do Avante que abriu mão da candidatura ao Planalto para apoiar o candidato petista, vem chamando atenção pelo combate incansável aos bolsonaristas.
Nas plataformas digitais, Janones faz o feitiço virar contra o feiticeiro e direciona ao presidente, seus filhos e apoiadores uma linguagem agressiva, digna do gabinete do ódio. "Canalha" e "vagabundo" são adjetivos comuns em suas postagens. Por ser chamado de "miliciano", Carlos Bolsonaro resolveu acionar o deputado no Supremo Tribunal Federal (STF).
No debate presidencial de domingo (28), Janones foi ao topo dos trend topics por protagonizar bate-boca e quase sair no braço com o ex-ministro Ricardo Salles em plena sala de espera do estúdio da Band. Ele também discutiu com o ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo, e o chamou de "capitão do mato". Em entrevista concedida ontem, ao canal da revista Carta Capital no YouTube, o deputado disse que não sabia que a expressão tem cunho racista e que se for processado por Camargo não irá se defender. "Espero ser punido pelo meu erro e que isso possa fortalecer a luta contra o racismo", disse.
Embora consiga acuar os adversários de Lula, esse estilo estridente é visto com reservas por parte da esquerda, que teme se nivelar à extrema-direita. "Eu também não curto isso, mas é como um remédio amargo que a gente tem que tomar para se curar", explicou Janones à coluna. "Acho deprimente, vergonhoso, sou pesaroso por esse momento político, mas estou esperando alguém me apresentar uma outra forma de responder a essa gente. Se houver, eu abandono essa estratégia na hora".
O parlamentar diz que preferiria estar debatendo propostas para o país e não "discutindo quem fez fake news" ou "fazendo lacração", mas considera que esse não é o melhor momento. "Quero discutir em alto nível, mas Bolsonaro e seu grupo só entendem a linguagem da 5ª série", critica. Avalia que os políticos que hoje estão no poder trouxeram a discussão política para esse patamar.
"Se não jogarmos o jogo deles vamos perder a eleição e ficaremos mais quatro anos com a imprensa sendo a atacada, com as pessoas sentindo medo de discutir política nas ruas e serem agredidas", afirma. "Então, a gente tira eles e depois começa a reconstruir o Brasil".
Não é somente pela retórica ferina que Janones incomoda tanto os bolsonaristas: no Facebook, sua plataforma preferencial, faz lives que alcançam milhões de visualizações. No dia da oficialização de seu apoio a Lula, a transmissão ao vivo foi um dos recordes planetários, ficando atrás apenas de lives de Cristiano Ronaldo e Neymar. .
Foi assim que conseguiu neutralizar nas redes o efeito positivo para Bolsonaro da concessão do Auxílio Brasil. Durante vários dias, a live de Janones em que diz que o benefício é eleitoreiro bateu recordes de audiência.
Apesar disso, muita gente progressista classifica Janones como apelativo. "Se o objetivo for apenas elevar o nível do debate, corremos o risco de chegar o dia em que estaremos despejando toda nossa intelectualidade nos porões de uma ditadura", alerta. "O golpe já está em curso, os atos preparatórios para a instalação de uma ditadura já começaram, precisamos impedir."
Ele nega que tenha recebido orientação da direção do PT para pisar no freio, como volta e meia se lê na imprensa e nas redes.
Enquanto joga solto, o artilheiro Janones leva os oponentes à loucura. Suas postagens no Twitter e lives no Facebook volta e meia provocam reação do próprio presidente Bolsonaro e de seus filhos, com quem costuma bater boca e trocar xingamentos.
"Eles não têm saída, dei o xeque-mate. Se forem à Justiça, vão me promover, vão me dar engajamento e visibilidade, além de desconstruir o discurso de liberdade de expressão", observa. "Se não responderem, vão apanhar muito."
Por conta dessa atuação, recebeu ameaças de morte por inbox, mas não gosta de dar detalhes sobre o assunto. Apenas toma precauções, como não tornar pública sua agenda de campanha e avisar as autoridades.
Candidato à reeleição como deputado, não pretende retroceder. Compara o barraco que armou domingo na Band com a atitude de Jesus contra os vendilhões do templo.
E faz um aviso que deveria deixar preocupados os grupos bolsonaristas: "Eles que se preparem, porque eu nem comecei ainda. Não apresentei nem 20% das minhas cartas."
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