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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Em lance desleal, Bolsonaro tenta atrapalhar voto dos pobres

O presidente Jair Bolsonaro (PL) em live um dia antes das eleições deste domingo (2) - Reprodução/YouTube
O presidente Jair Bolsonaro (PL) em live um dia antes das eleições deste domingo (2) Imagem: Reprodução/YouTube

Colunista do UOL

01/10/2022 21h15

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É pura obviedade dizer que uma das principais atribuições para qualquer chefe de Estado é garantir à população o direito mais importante para manutenção da democracia, o voto. Para Jair Bolsonaro (PL), porém, nada é óbvio - especialmente quando se trata de garantias democráticas. De alguém como ele, que há anos faz campanha para tentar desacreditar o processo eleitoral do próprio país, inventando mentiras contra a urna eletrônica, pode-se esperar tudo.

O desespero diante da possibilidade real de seu principal oponente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), vencer a eleição presidencial já em primeiro turno levou Bolsonaro a mais um lance desleal.

A campanha de reeleição do presidente foi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para tentar limitar a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou que municípios mantenham a oferta de transporte público amanhã, dia da votação.

Ou seja: Bolsonaro tenta impedir que o eleitorado mais pobre, em sua maioria simpático a Lula, consiga ter acesso ao transporte público e assim deixe de votar.

É o presidente da República do Brasil jogando contra o momento mais simbólico da democracia, apostando na abstenção.

O pedido foi negado pelo ministro Benedito Gonçalves, do TSE, que esculhambou os argumentos bolsonaristas. "O argumento descamba para o absurdo, ao comparar a não cobrança de tarifa para uso de transporte público regular, em caráter geral e impessoal, com a organização de transporte clandestino destinado a grupos de eleitores, mirando o voto como recompensa pela benesse pessoal ofertada", criticou, na decisão.

Além das mentiras contra a urna eletrônica, Bolsonaro é o político que inventou a lorota que a vacina contra a covid-19 pode causar Aids. Há quatro anos, disse mentirosamente que seu adversário nas eleições teria criado um "kit gay". Recentemente declarou convicto que no Brasil não existe fome. Jura não ter existido ditadura militar. Falou na ONU que não há devastação na Amazônia...

Ao tentar sabotar os votos de seus compatriotas, Bolsonaro e seus apoiadores afundam ainda mais na indignidade.

Não que isso vá tirar um segundo de sono do atual presidente.

Mesmo assim, o comportamento repulsivo de Bolsonaro torna públicas duas verdades.

Ao contrário do que diz, ele acredita nas pesquisas de intenção de voto.

Além disso, está desesperado com a possibilidade de perder a eleição já em primeiro turno.

Ou então, não apelaria tanto.