Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Presidenciáveis mostraram muitas caras e bocas, mas pouco conteúdo
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No debate que teve, enfim, o esperado confronto direto entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL), os dois produziram um grande anticlímax. Os presidenciáveis se preocuparam mais com caras e bocas e com o ângulo da câmera do que com o conteúdo do que falaram ao espectador. Repisaram muito o passado, fizeram duelo de pegadinhas, mas não apresentaram nenhuma proposta concreta para o futuro.
É verdade que há muito tempo os debates não são propícios à apresentação de boas ideias de governo, já que nas últimas eleições os candidatos usaram esse espaço para lavar roupa suja em público. Mas ao menos uma proposta ou outra sempre surgia. Dessa vez, nem isso.
Lula teve seus melhores momentos no primeiro bloco, ao tratar de Educação e perguntar a Bolsonaro quantas universidades o presidente atual construiu em seu mandato. Ele desconversou o tempo todo. Foi o próprio Lula quem respondeu: Bolsonaro inaugurou apenas uma universidade (mesmo assim, encaminhada pelo governo de Dilma Rousseff), enquanto o petista fez 18 nas duas vezes que ocupou a Presidência.
Já Bolsonaro se saiu melhor no segundo bloco do confronto direto, quando levantou o tema corrupção. Nesse momento, ao falar de Petrolão, Lula pareceu perder o prumo e deixou de controlar o tempo - algo contraproducente no modelo de debate de ontem, onde cada candidato teve 15 minutos para administrar. O resultado foi que no final Bolsonaro teve mais de cinco minutos para falar como quis.
Os principais temas do debate foram pautados pelas perguntas dos jornalistas: a ideia esdrúxula de aumentar o número de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), a sugestão de criar punição rigorosa para agentes públicos que disseminarem fake news, propostas para tentar reduzir o déficit educacional criado na pandemia e o questionamento ao modelo de compra de deputados do Centrão em troca da tal governabilidade.
Na maior parte das vezes, os candidatos se esquivaram de responder. Mas Vera Magalhães conseguiu arranjar de Bolsonaro uma quase promessa de que não vai mudar a configuração do STF e Josias de Souza arrancou de Lula a admissão de que tudo continuará como está.
No mais, os dois presidenciáveis ficaram devendo ao eleitor.
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