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Rivalidade de Malafaia e Edir Macedo se acirra com ação golpista do PL
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A ação golpista que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, apresentou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para desconsiderar os votos de mais de 279 mil urnas eletrônicas não gerou insatisfação apenas no âmbito político. A multa de R$ 22,9 milhões aplicada pelo presidente do tribunal, ministro Alexandre de Moraes, por litigância de má-fé é cobrada dos partidos integrantes da coligação, que inclui, além do PL e PP, o Republicanos, legenda que comporta vários nomes ligados à Igreja Universal do Reino de Deus.
Desde o início, políticos do Republicanos se colocaram contra a contestação proposta por Costa Neto, seguindo o estilo discreto do mentor da legenda, bispo Edir Macedo, líder da Universal. A postura contrasta com a de outro personagem evangélico, o pastor Silas Malafaia, que é muito próximo do presidente Jair Bolsonaro e usa as redes sociais de forma estridente para contestar a credibilidade do sistema eleitoral brasileiro.
Nas semanas que antecederam a apresentação do recurso do PL, Malafaia divulgou vídeos apoiando a iniciativa de Costa Neto e dizendo que se o ministro Alexandre de Moraes não desse uma resposta convincente ao questionamento, o país iria "pegar fogo". O estilo incendiário já vinha sendo criticado nos bastidores por políticos ligados à Universal.
Com a multa aplicada por Moraes, parlamentares do Republicanos ouvidos pela coluna atribuíram o prejuízo não apenas a Costa Neto, mas também ao discurso incendiário de Malafaia, que o tempo todo incentivou Bolsonaro e o PL a apresentarem o a contestação às urnas - sem qualquer fundamento técnico.
Agora, os partidos coligados ao PL vão recorrer da decisão de Moraes, com a alegação de que não participaram da iniciativa golpista de Costa Neto. O deputado Marcos Pereira, pastor da Universal e presidente do Republicanos, lembra que aceitou o resultado anunciado pelo TSE logo depois da apuração e diz que não foi sequer consultado por Costa Neto sobre sua demanda ao TSE.
Com a derrota de Bolsonaro e a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, a tendência é que os políticos ligados a Macedo e Malafaia se distanciem no Congresso, participando apenas de alianças eventuais, que sejam de interesse geral dos neopentecostais.
O discurso inflamado de Malafaia já vinha sendo criticado desde o 7 de Setembro do ano passado, quando o pastor insuflou Bolsonaro a adotar um discurso agressivo, em que ameaçava Congresso e o Supremo Tribunal Federal. Integrantes da bancada evangélica, de várias denominações e partidos, discordaram da radicalização. Na ocasião, o bispo Macedo manteve um discurso sereno, em que defendia a institucionalidade.
A rivalidade entre as duas personalidades religiosas não é nova. Apesar de passar quatro anos apoiando Bolsonaro, o líder da Universal avalia que não recebeu a devida contrapartida do governo - queixa-se especialmente do pouco empenho da diplomacia brasileira para evitar que vários pastores da denominação fossem expulsos de Angola. Macedo acredita que Malafaia teve muito mais atenção de Bolsonaro.
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