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Generais devem usar propalada coragem para anular golpismo bolsonarista
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Um dos mais importantes requisitos de alguém que se dedica à carreira militar é a coragem. Afinal, a tarefa número um das Forças Armadas é defender o país das ameaças externas, fazendo a guerra se necessário for. Não é um trabalho para borra-botas.
Se essa boa dose de bravura é exigida de qualquer soldado, muito mais se requer dos generais, oficiais que estão no topo da carreira e têm a missão de comandar as tropas.
A coragem é necessária não somente para combater contra tropas estrangeiras, mas também para lidar com os fatores que põem em risco os dois principais pilares da profissão militar, a hierarquia e a disciplina. Sem esses dois ingredientes, qualquer tropa se transforma em bando fardado. Antes de atacar o oponente externo, portanto, os comandantes devem garantir a coesão interna.
Nesse âmbito, a maior ameaça atual é o golpismo que inflama integrantes da caserna. A partidarização contaminou parte dos militares desde que Jair Bolsonaro anunciou a candidatura a presidente. Agravou-se nos últimos quatro anos a ponto de levar alguns a se recusarem a aceitar o resultado da última eleição, que democraticamente sagrou Lula como vencedor.
Há os que anunciam publicamente a conspiração, outros chegaram a participar da depredação generalizada das sedes dos poderes da República, em 8 de janeiro.
Ainda há outros que seguem não a estratégia da ação, mas da omissão.
Esse foi o caso do general Júlio César Arruda, demitido hoje por Lula do posto de comandante do Exército. Foi ele quem impediu que a Polícia Militar do Distrito Federal desmontasse o acampamento golpista à frente do QG do Exército, de onde saíram as hordas de terroristas para quebrar as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário. Além disso, resistiu a punir subordinados que não agiram para impedir a invasão.
Por fim, relutou em anular a nomeação para o 1º Batalhão de Ações de Comandos, em Goiânia, o tenente-coronel Mauro César Barbosa Cid. Trata-se do braço direito de Bolsonaro, que, de acordo com matéria do portal Metrópoles, entre outros serviços, era encarregado pelo ex-presidente de manejar o cartão corporativo de forma que levanta a suspeita de rachadinha.
Para o lugar de Arruda vai Tomás Miguel Ribeiro Paiva, general que era o comandante militar do Sudeste.
Há três dias, em discurso a sua tropa, Paiva pregou a atuação das Forças Armadas de acordo com a Constituição, defendeu a aceitação do resultado das eleições e exaltou os militares como garantidores da democracia. Essas palavras legalistas serviram de credencial para sua nomeação a comandante do Exército.
Em um dos trechos do discurso, o general citou a desinformação das redes sociais e destacou que, para cumprir sua missão, o militar muitas vezes deve ter a coragem de tomar decisões impopulares.
Nesse momento, isso inclui enfrentar a resistência dos próprios pares que não se conformarem em cumprir a Constituição. Ou seja: é preciso anular o golpismo nas Forças Armadas.
Que outros generais se mostrem corajosos como Paiva parece ser para defender as instituições da República, em contraposição a militares que demonstraram a coragem infame de tentar destruí-la.
Esse será um grande serviço prestado ao Brasil.
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