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Lira promete fim de baixarias na Câmara, mas bolsonarismo mantém selvageria
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Exausto do festival de baixarias que os bolsonaristas inauguraram na Câmara durante a legislatura anterior, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), avisou aos deputados que os mandatos atuais não poderão seguir pelo mesmo padrão, de discussão de botequim. Depois de vários alertas, fez no fim de abril uma reunião com os líderes partidários para tratar do assunto e avisou que o Conselho de Ética passaria a funcionar.
"Quero pedir a prudência de sempre [estar] nos limites constitucionais e regimentais de atuação de cada parlamentar. Daqui para a frente, nós temos o fórum adequado instalado para tratar dos pontos fora da curva desta Casa", advertiu.
Os líderes saíram da reunião e repassaram o recado aos integrantes de cada legenda.
Apesar do esforço, alguém tem que avisar ao presidente da Câmara que o alerta não funcionou. A legislatura atual, que chega hoje ao centésimo dia, tem correspondido a todas as expectativas negativas de quem identificou que em 2022 os eleitores deram mandatos a um número maior de deputados extremistas do que o verificado nos quatro anos anteriores.
O resultado é o show de horrores protagonizado pelos bolsonaristas a cada sessão. Seja no plenário ou nas salas de comissões, viraram rotina as gritarias, ofensas, mentiras e discussões que volta e meia chegam perto de descambar para os sopapos.
Não será difícil para Lira comprovar que as baixarias continuam. Para ajudar, a coluna indica ao presidente da Casa dois possíveis candidatos ao julgamento do Conselho de Ética.
O primeiro é o deputado Coronel Chrisostomo (PL-RO), que na terça-feira (9) foi à tribuna para ofender aos berros o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Flávio Dino, chamando-o de "sobrepeso" e "irresponsável". Falou inclusive em confronto físico. "Se vier na marra, vai levar porrada do povo brasileiro. Vem pra cima, vem", bradou, de forma abjeta.
O segundo caso é o do deputado Luiz Lima (PL-RJ), que ontem entrou em delírio na Câmara. "Ministro Alexandre de Moraes, o senhor está desviando dinheiro da empregada doméstica para enviar para a Venezuela para matar pessoas", berrou na tribuna, sem apresentar qualquer base para a acusação contra um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF).
Além de atacar Moraes e o governo, Lima desrespeitou o próprio presidente da Casa: "Esse Congresso Nacional não faz nada. Senhor Arthur Lira é um boneco do posto!".
Se a intenção de Lira realmente é tirar os debates da Câmara do nível lamentável em que estão, já há muito material para julgar parlamentares que diariamente depredam a ética, em um espaço que deveria ser dedicado à discussão saudável, à troca civilizada de ideias.
Coronel Chrisostomo e Luiz Lima são bons exemplos de políticos que não colaboram em nada para que o Parlamento cumpra sua missão.
Serão punidos por isso?
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