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Professor que se destacou na CPI do MST envia carta a deputada bolsonarista
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Desde ontem, as redes sociais de simpatizantes da esquerda estão exibindo à exaustão um vídeo com parte do depoimento em que o professor de direito da Universidade de Brasília (UnB) José Geraldo de Souza rebate uma fala da deputada bolsonarista Caroline de Toni (PL-SC) na CPI do MST. No trecho, Souza diz que não pode discutir com a deputada porque ela só enxerga aquilo que "já tem escrito na sua cognição". Caroline se sentiu ofendida e reclamou que o professor estava fazendo deboche "com categoria acadêmica". Souza enviou hoje carta à parlamentar e ao presidente da comissão para desmentir que a tenha desrespeitado.
O professor de direito disse à coluna que não quis questionar a capacidade intelectual da deputada, como os comentários nas redes sociais deram a entender. "Eu tenho intenção de estabelecer aquilo que é a nossa luta histórica de ter um parlamento onde as diferentes concepções de mundo possam ser debatidas", esclareceu ele. "Tratei a todos e fui tratado com respeito e consideração."
Em sua participação na CPI do MST, José Geraldo de Souza explicou aos deputados os motivos que levaram o Superior Tribunal de Justiça a considerar a atuação do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra como algo legal, mesmo em caso de ocupações. Isso inviabiliza a intenção declarada de alguns integrantes da comissão de criminalizar o movimento.
Esse é o caso da deputada Caroline, que em sua intervenção atacou o MST, dizendo que seus líderes praticam crime quando ocupam terras e quando mantêm trabalhadores camponeses dependentes da organização. Souza, que é ex-reitor da UnB, fez então o comentário, segundo o qual a parlamentar não enxerga fatos que estão fora de sua "cosmovisão". "A senhora vai ver não o que existe, mas o que a senhora recorta da realidade", disse ontem.
"Fui surpreendido por uma repercussão que torna incidente no diálogo que mantive com ela uma indisposição de entendimento que está longe de mim", esclarece o professor. "Mantenho todo o respeito que sua atuação parlamentar merece, mas que evidentemente traduz contraposições entre concepções de mundo, de sociedade, de justiça e de direito.
Souza diz que não pede desculpas, já que não teve intenção ofensiva, apenas expressa respeito.
O professor lamenta que essa polêmica tenha ocultado o essencial do debate, que estava sendo travado em outro plano. "É preciso fazer política, construir um projeto de sociedade, resgatar a dignidade da política", propõe. "É preciso manter a intercomunicação, a troca civilizada de pontos de vista e a possibilidade de criar um espaço para fazer circular os argumentos".
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