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Chico Alves

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sabatina de Zanin é a prova de que ritual no Senado perdeu o sentido

Cristiano Zanin durante sabatina que avalia sua indicação ao STF - Reprodução/TV Senado
Cristiano Zanin durante sabatina que avalia sua indicação ao STF Imagem: Reprodução/TV Senado

Colunista do UOL

21/06/2023 17h36

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Não é de hoje que o colunista questiona a efetividade das sabatinas no Senado com candidatos a vagas no Supremo Tribunal Federal (STF). A ideia original de submeter o ministrável a uma prova, a uma arguição digna do nome, em que as respostas do postulante podem determinar sua aprovação ou reprovação, há tempos sumiu no horizonte.

Talvez o último indicado ao STF a ser realmente questionado e correr algum mínimo risco de rejeição foi Edson Fachin, em 2015, quando encarou uma sabatina de 12 horas. Antes e depois disso, o protocolo não passou de encenação, sem muitas possibilidades de surpresa.

Com Cristiano Zanin, porém, a inutilidade das sabatinas ficou escancarada como nunca. Os senadores estiveram longe de ser contundentes e Zanin esteve longe de ser objetivo em suas respostas. O indicado de Lula ao STF saiu do convescote como entrou, sem que os brasileiros conheçam o que se passa na cabeça daquele que será o novo ministro da corte mais importante do país.

Isso ficou ainda mais patente quando o presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Davi Alcolumbre (União-AP), abriu o processo de votação quando ainda havia 22 senadores na fila de espera para fazer perguntas a Zanin.

Ninguém duvida que o candidato entrou na CCJ com o resultado debaixo do braço, faltando saber apenas qual seria o placar a confirmar sua condução ao STF.

Mas poucos imaginariam que o ritual fosse tão esvaziado de sentido e pouco esclarecedor.

Se é para ser como foi, por qual motivo o Senado não suprime a sabatina para que a candidatura seja submetida diretamente a votação?

Como diria o pensador, escritor e jornalista Millôr Fernandes, em muitos casos a hipocrisia já é um avanço.

Quando nem isso resta, é hora de fazer mudanças profundas.

Quem sabe a próxima sabatina não possa se resumir a algo mais parecido com uma simples eleição, sem gerar expectativas que nunca são cumpridas?