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ANÁLISE

Texto baseado no relato de acontecimentos, mas contextualizado a partir do conhecimento do jornalista sobre o tema; pode incluir interpretações do jornalista sobre os fatos.

Wajngarten mente ao negar interferência do governo na Secom

12.mai.2021 - O ex-secretário especial de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, é ouvido na CPI da Covid - Edilson Rodrigues/Agência Senado
12.mai.2021 - O ex-secretário especial de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, é ouvido na CPI da Covid Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Colunista do UOL

12/05/2021 18h53

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* Por: Cesar Calejon e Rafael Burgos

Em depoimento à CPI da Covid nesta quarta (12), o ex-secretário de Comunicação do governo Bolsonaro Fabio Wajngarten mentiu ao negar interferência do governo em sua gestão da Secretaria. Em 21 de julho de 2020, sob o comando de Wajngarten, a Secom utilizou o seu perfil oficial no Twitter para rebater entrevista dada a esta coluna pelo ex-chanceler Celso Amorim, extrapolando suas competências legais.

Wajngarten afirmou, em resposta ao relator Renan Calheiros (MDB-AL) na CPI: "Eu vim da iniciativa privada, larguei família, larguei três filhas, uma delas com necessidades especiais — peço perdão à minha esposa por publicitar isso —, para vir morar em um hotel em Brasília, para acordar às 3h50 da manhã, para sair de São Paulo. Ao menor sinal de interferência, eu teria ido embora".

Evidentemente, a afirmação é falsa. Na série de 21 posts dedicados a confrontar o que chamou de "narrativa mentirosa" de Amorim, o perfil da Secom extrapolou as suas áreas de competência institucional, expressas na Lei nº 6.650/79, que são as políticas de Comunicação Social, a divulgação de atividades e realizações governamentais e outras atividades de comunicação social.

Este não foi um caso isolado de descumprimento das competências institucionais previstas para a Secom sob a gestão de Wajngarten. Em post do dia 3 de fevereiro de 2021, o canal da Secretaria no Twitter foi utilizado para acusar a cineasta Petra Costa, diretora do documentário Democracia em Vertigem, de "militante anti-Brasil".

No dia 5 de setembro de 2021, o mesmo canal da Secretaria no Twitter também foi utilizado para criticar o humorista Marcelo Adnet, o que motivou ação na Justiça acusando o cometimento do crime de improbidade administrativa.