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Datafolha aponta um Chile de distância entre Lula e Bolsonaro

O ex-presidente Lula (PT) em comício em Belém - Ricardo Stuckert
O ex-presidente Lula (PT) em comício em Belém Imagem: Ricardo Stuckert

Colunista do UOL

16/09/2022 09h57

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* Cesar Calejon

Divulgada ontem, a mais recente sondagem do Datafolha aponta que o ex-presidente Lula (PT) continua muito à frente na disputa pela Presidência da República contra o seu principal adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A pouco mais de duas semanas do primeiro turno do pleito presidencial, Lula tem 45%, contra 33% de Bolsonaro, segundo o instituto. No segundo turno, Lula tem 54% e Bolsonaro, 38%.

Neste contexto, a despeito de todos os atos que foram desesperadamente adotados pelo bolsonarismo durante o período eleitoral, tais como a PEC Kamikaze e a campanha ilegal no 7 de Setembro, o Datafolha indica que a diferença entre Lula e Bolsonaro pode equivaler à população do Chile.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 156 milhões de cidadãos estão aptos a votar em 2022. Apesar disso, o número final deverá registrar algo entre 110 e 120 milhões de votos em ambas as instâncias do pleito.

Desta forma, a diferença entre Lula e Bolsonaro, conforme apontada ontem pelo Datafolha e em votos efetivos, se materializaria em algo entre 13.2 milhões e 14.4 milhões no primeiro turno e 17.6 milhões e 19.2 milhões no segundo.

No que concerne aos votos válidos, Lula mantém 48% e a decisão no primeiro turno depende de apenas dois ou três pontos percentuais, o que deverá acirrar a disputa pelos votos úteis até o dia 2 de outubro. Ainda segundo a pesquisa, 53% dizem não votar em Bolsonaro de jeito nenhum, contra 38% que afirmaram que jamais escolheriam Lula.

Neste contexto, o Datafolha de ontem indica que a vitória de Lula é irrefreável, resta saber se no primeiro ou no segundo turno. Tamanha vantagem, contudo, não é garantida, considerando que o bolsonarismo deverá agir com agressividade e virulência ímpares caso a contenda seja prolongada.

Para as forças democráticas interessadas em evitar esse processo, é preciso ponderar os estragos que as etapas finais do bolsonarismo podem produzir junto à população.

* Cesar Calejon é jornalista, com especialização em Relações Internacionais pela FGV e mestrando em Mudança Social e Participação Política pela USP (EACH). É escritor, autor dos livros A Ascensão do Bolsonarismo no Brasil do Século XXI (Kotter), Tempestade Perfeita: o bolsonarismo e a sindemia covid-19 no Brasil (Contracorrente) e Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil (Kotter).