Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Na véspera da eleição, golpismo bolsonarista deve unir o campo democrático
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
* Cesar Calejon
Após uma semana péssima para Bolsonaro, durante a qual um dos seus aliados de primeira hora alvejou policiais federais com tiros de fuzil e granadas e o ministro da Economia do governo flertou abertamente com o fim da indexação do salário mínimo com base na inflação, o bolsonarismo resolveu sair da defesa e partir para o ataque no papel de vítima a fim de perpetrar um golpe de estado via o possível adiamento do pleito ou questionamento do resultado das urnas.
Contudo, a sanha golpista de Bolsonaro deverá unir, ainda mais, o campo democrático brasileiro, antes, durante e depois do segundo turno das eleições presidenciais.
A exemplo do que fez Donald Trump nos Estados Unidos em 2020, Bolsonaro deverá tentar judicializar a disputa presidencial após a sua derrota com base na alegação de que a sua campanha foi prejudicada por uma atuação parcial do TSE e de veiculações assimétricas de inserções de rádios no Nordeste.
No caso dos Estados Unidos, a bravata de Trump resultou na invasão ao Capitólio, no dia 6 de janeiro de 2020, quando seguidores do ex-presidente estadunidense invadiram o Congresso e provocaram mortes, além de ferir outras pessoas e ocasionarem danos materiais.
Bolsonaro, contudo, cometeu um erro grosseiro considerando a estratégia do seu ídolo estadunidense: ele, efetivamente, iniciou o processo de judicialização da contenda eleitoral antes da votação do segundo turno, o que demonstra debilidade, desespero, falta de confiança na vitória e, por fim, reforça a unidade de todas as alas da política nacional, da esquerda à centro direita, que não querem mergulhar o país em um regime definitivamente autocrático.
Exatamente por isso, figuras como Neca Setubal, FHC, Amoêdo, Armínio Fraga, Henrique Meirelles e muitas outras, que sequer de longe são petistas ou esquerdistas, decidiram apoiar Lula publicamente.
A teoria da conspiração bolsonarista serve ao propósito de engrossar o conjunto de artifícios e falácias que será usado a partir de segunda-feira da próxima semana para contestar a validade das eleições, caso Bolsonaro seja derrotado. Infelizmente para o bolsonarismo, esse tipo de narrativa funciona melhor quando é aplicada de forma inadvertida e inédita, o que não é o caso.
Desde que assumiu a Presidência da República, Jair Bolsonaro e o seu secto vêm afirmando que não aceitariam a derrota nas urnas. Considerando que todos já fomos expostos a um roteiro absurdamente idêntico com a tentativa de Trump de sequestrar as eleições estadunidenses em 2020, o organismo social brasileiro está relativamente vacinado e pronto para o que Bolsonaro fará após a derrota.
Apesar disso, o campo progressista, dos liberais aos comunistas, precisa estar firme, forte e coeso para duas tarefas fundamentais que são de suma importância para o futuro do Brasil e devem ser executadas ao longo dos próximos dias e semanas: (1) derrotar o governo Bolsonaro nas urnas e (2) enfrentar o terceiro turno judicial que será promovido pelo bolsonarismo até o fim do ano.
* Cesar Calejon é jornalista, mestre em Mudança Social e Participação Política pela USP com especialização (MBA) em Relações Internacionais pela FGV. Autor de Sobre Perdas e Danos: negacionismo, lawfare e neofascismo no Brasil, além de outras obras sobre o bolsonarismo.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.