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Economista: Guedes quer congelar salário para acomodar orçamento secreto
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Na avaliação do economista Raul Velloso, o plano do ministro da Economia, Paulo Guedes, de desindexar salário mínimo e aposentadoria da inflação, caso Jair Bolsonaro seja reeleito, é um verdadeiro "suicídio orçamentário". "Imagine essas pessoas que já ganham pouco, perdendo ainda mais, o aposentado à beira da morte", disse ele à coluna. "O orçamento que deveria ser usado para o bem-estar dos brasileiros vai piorar a vida de quem mais precisa".
A análise não vem de ninguém que pode ser tachado de "comunista", como os bolsonaristas costumam chamar todos aqueles que discordam do governo. Velloso é Ph.D em Economia pela Universidade de Yale, dos Estados Unidos, foi secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e hoje atua como consultor.
"O ministro quer abrir espaço para o orçamento secreto e assim poder justificar para os amigos dele do mercado financeiro que não está fazendo absurdo, uma coisa compensa a outra", avalia Velloso.
Desde que a Folha de S. Paulo revelou o plano do ministro Paulo Guedes para desvincular da inflação o salário mínimo e a aposentadoria, a campanha de Jair Bolsonaro tenta desmentir o fato. O próprio Guedes, no entanto, confirmou de viva voz que a proposta está na pauta. O ministro diz que a intenção não é reduzir o reajuste de uma hora para a outra e garante que a inflação será reposta no próximo ano.
Guedes argumenta que a desindexação do salário da inflação não resultará necessariamente em reajuste menor. Raul Velloso discorda. "Se ele achar que tem que aumentar, aumenta. Se achar que tem que cair, ele derruba. Pelo que se conhece dele, certamente não vai ser para aumentar", critica o economista.
Para Velloso, Guedes está "entalado" com a concessão do Auxílio Brasil, com a chamada PEC Kamikaze (que destinou R$ 41 bilhões a benefícios a poucos meses da eleição) e orçamento secreto. A desindexação do mínimo e da aposentadoria seria uma "compensação".
Esse plano do ministro da Economia também teria o objetivo de manter controle da demanda agregada para conter a pressão inflacionária, segundo o economista. "Isso encaixa como uma luva para satisfazer a sede de corte de gastos que pessoas como ele têm", afirma.
Sobre a ideia, revelada pelo jornal Estado de S. Paulo, de cortar do Imposto de Renda a dedução de despesas dos contribuintes com saúde e educação, Velloso é sucinto: "Mais uma maluquice".
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