Advogado de Adélio Bispo deixa o caso: "Difícil e oneroso", diz
O advogado de Adélio Bispo de Oliveira, Zanone Manuel de Oliveira Júnior, disse ao UOL, nesta sexta-feira (1), que deixará o caso. A defesa do homem que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro (PSL), durante a campanha eleitoral de 2018, afirmou que a decisão foi tomada em comum acordo com o ajudante de pedreiro.
Zanone alegou que estava "difícil e oneroso" prosseguir com o caso. Ele citou como empecilho o deslocamento de sua equipe até a Penitenciária Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, onde Adélio está preso. Segundo o advogado, seu escritório tem base em Juiz de Fora, Minas Gerais, onde ocorreu o crime.
"Fica muito difícil e oneroso para a defesa esse deslocamento, ter que olhar isso diuturnamente, com muito cuidado. O caso de Adélio também ficou mais tranquilo a partir de agora porque é uma medida de segurança", disse.
Adélio foi atestado com transtorno mental e, por isso, considerado pela Justiça como réu inimputável (isento de pena). Ele teve absolvição imprópria e internação por medida de segurança, sem prazo determinado.
"O processo do Adélio já transitou em julgado, é um processo morto, já acabou. Ele foi absolvido de maneira imprópria. Agora é só a execução. Nós entendemos que a Defensoria Pública da União, e eu já tinha discutido isso com o Adélio, poderá tomar conta disso. Só por isso. Não é nada demais", justificou.
No mês passado, Adélio pediu destituição de seus advogados e para que fosse representado pela DPU. Em setembro, ele se queixou à família, por uma carta, da falta de contato com Zanone.
Mesmo assim, o advogado contou que segue como curador de Adélio. O advogado também foi alvo de uma polêmica sobre quem o contratou e quem paga seus honorários, tema sempre explorado por Bolsonaro e seus apoiadores.
Zanone diz que foi contratado por uma pessoa que conhecia Adélio através de uma igreja que os dois frequentavam, e que recebeu R$ 5.000 para prestar um parecer jurídico. Essa pessoa nunca apareceu. Uma das linhas da Polícia Federal é que o advogado tenha assumido o caso gratuitamente, em troca da repercussão de seu nome.
Em depoimento à Polícia Federal, nesta quinta-feira (31), Adélio se recusou a fechar acordo de delação premiada. Ele manteve a versão de que agiu sozinho e negou que o atentado tenha sido encomendado.
Bolsonaro e aliados defendem que Adélio agiu a mando de terceiros e pedem mais investigação por parte da PF. Eles citam uma carta enviada por outro preso, o iraniano Farhad Marvizi, dizendo ter informações de que Adélio foi ajudado por outras pessoas para concretizar o ataque.
A polícia, porém, desconfia da veracidade da carta. O iraniano teria o hábito de mandar correspondências para personalidades, com afirmações sem sentido. A PF ainda não achou provas participação de supostos comparsas de Adélio.
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