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Em CPI, presidente da Anvisa vai contra falas de Bolsonaro sobre vacinas
Em depoimento que pode ser qualificado como "sincero" à CPI da Covid no Senado, o diretor presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Antônio Barra Torres, se disse contrário às declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro nos últimos meses que questionaram a eficácia e segurança de vacinas contra covid-19.
Torres também confirmou que rechaçou uma proposta, feita em reunião no Palácio do Planalto no ano passado, de incluir na bula da hidroxicloroquina a recomendação para tratamento da doença causada pelo novo coronavírus. A proposta foi revelada pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em seu depoimento, realizado na semana passada.
Ao ser questionado pelo senador Renan Calheiros, relator da CPI, sobre qual seria o impacto na pandemia das declarações de Bolsonaro contrárias à vacinação em massa contra covid-19, Barra Torres, que foi indicado ao cargo em 2019 pelo presidente, disse claramente que as falas citadas na pergunta "vão contra o que nós temos preconizado sobre vacinação".
"Temos, sim, que nos vacinar", disse Barra Torres, acrescentando que a "população não deve se orientar por essas falas".
No entanto, ele afirmou que não houve nenhum tipo de interferência ou pressão do governo para que a Anvisa não aprovasse o uso emergencial da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan, do governo paulista, e desenvolvida por laboratório chinês.
Em um dos pontos mais importantes do seu depoimento, Barra Torres confirmou a revelação feita por Mandetta de que participou no ano passado de uma reunião no Palácio do Planalto com outros ministros e com médicos em que se discutiu a proposta de mudar a bula da hidroxicloroquina para incluir recomendação do uso do medicamento no tratamento de covid-19.
Barra Torres disse que a proposta foi feita pela oncologista Nise Yamaguchi, uma defensora entusiasmada da hidroxicloroquina, que participou da reunião na companhia de outro médico que ele não soube identificar.
O presidente da Anvisa disse até que teve uma "reação brusca" diante da proposta da médica, rechaçando a possibilidade de fazer a mudança e explicando que só quem pode alterar a bula é a Anvisa mediante pedido de laboratório que fabrica o medicamento e somente após apresentação de estudos clínicos robustos comprovando a eficácia para aquele fim.
Barra Torres afirmou, também, que até o presente momento não existem estudos que apontem a eficácia da hidroxicloroquina contra covid-19 e que um ensaio clínico sobre o uso do medicamento em casos leves, chamado Coalizão V, está sendo realizado no Brasil, com previsão para ser concluído em julho.
Tratamento precoce contra covid-19, disse o presidente da Anvisa, resume-se a testagem precoce e combater os sintomas.
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