Topo

Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

O partidarismo dos outros

Colunista do UOL

22/11/2021 13h49

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Em 2014, mostrei que o já desacreditado Aécio Neves passaria ao segundo turno, se empurrasse Marina Silva para o colo de Dilma Rousseff e também conseguisse criticar ambas por motivos diferentes. Aécio passou. Não previ vitória tucana no segundo turno, porque não subestimei a máquina petista. Dilma venceu.

Em 2016, contrariando a imprensa brasileira praticamente inteira, mostrei que Donald Trump venceria as prévias republicanas se continuasse a ser o mais incisivo dos pré-candidatos e que tinha grandes chances de derrubar o favoritismo de Hillary Clinton na eleição geral, porque sabia se comunicar com um povo ignorado pela imprensa. Trump venceu.

Meses antes, ainda ironizei as "explicações" de comentaristas brasileiros sobre o Brexit, que também acabou vencendo na Inglaterra.

Em 2018, contrariando novamente a imprensa brasileira, mostrei que Jair Bolsonaro não desidrataria no primeiro turno se continuasse a ser o candidato mais incisivo no discurso antipetista e fui o primeiro a apontar que seria melhor para ele enfrentar Fernando Haddad no segundo. Bolsonaro venceu.

Em 2020, dessa vez, sim, acompanhado de muita gente, mostrei o favoritismo de Joe Biden, embora tenha apontado estados onde Trump deveria ganhar, ao contrário do que alguns previam. Biden venceu a eleição, apesar da vitória de Trump naqueles estados.

Em todos os casos, à exceção deste último, o pensamento desejoso de colunistas e a torcida histérica de ativistas - ambos cada vez mais indistinguíveis - se passaram por análises frias da corrida eleitoral, enquanto minha análise fria, independente de qualquer preferência pessoal, foi tachada de pensamento desejoso e torcida histérica por todos os membros de bolhas midiáticas apartadas da percepção do eleitorado, ou que precisavam esconder do público uma realidade incômoda a seus interesses.

Sobre a eleição de 2022, mostrei que Sergio Moro era o adepto da terceira via com maior capital eleitoral, o que significa que partiria de um piso mais alto que os demais quando assumisse sua pré-candidatura. Quando começou a ser percebido como pré-candidato, Moro já apareceu em terceiro lugar, com 8% das intenções de voto, três pontos à frente de Ciro Gomes. Nas duas primeiras pesquisas realizadas após sua filiação ao Podemos - lembrando que, entre uma e outra, analisei a dificuldade neste momento de conter sua ascensão inicial -, Moro subiu para dois dígitos, variando de 10,7% a 11,7%, a depender do cenário avaliado; e já pontua em pesquisa espontânea, com mais que o dobro de Ciro.

Estamos a um ano do pleito, com um quadro ainda indefinido de participantes, em razão também do atraso das prévias do PSDB, de modo que é cedo para cravar mudanças drásticas de resultados, mas repito o que sempre fiz: analiso tendências e caminhos, a cada momento de impacto da corrida eleitoral.

Se, para fazer meu trabalho, for preciso nadar contra a maré, tudo bem: não terá sido a primeira vez.