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Felipe Moura Brasil

REPORTAGEM

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Kim quer Moro "mais incisivo contra Lula e Bolsonaro”

Colunista do UOL

19/01/2022 13h40

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De mudança do DEM para o Podemos após o acerto da aliança entre o MBL e o partido de Sergio Moro, o deputado federal Kim Kataguiri deu uma entrevista em vídeo ao canal de Youtube deste colunista e defendeu que o ex-juiz suba o tom contra seus maiores adversários.

"Uma postura mais dura no debate público vai ser necessária para ele crescer nas pesquisas. A gente ainda não chegou no ponto ideal. Ainda dá para ser mais duro e incisivo em relação principalmente a Bolsonaro e Lula."

Para Kataguiri, Moro precisa expor ao eleitorado os escândalos dos rivais.

"Lidar com STF e Congresso é secundário neste momento. Fundamental agora é fazer um trabalho quase que de historiador para lembrar tudo que houve de corrupção e de autoritário durante os governos do PT. A mesma coisa em relação ao do Bolsonaro. Mostrar para o ainda eleitor de Bolsonaro todas as pautas liberais e conservadoras que ele traiu, que ele abandonou completamente no caminho, em prol de uma agenda de blindagem de si próprio e da própria família. E como ele é um dos presidentes que mais gastou orçamento público para não aprovar reforma nenhuma em troca. Ele acabou com o 'toma lá, dá cá' e inaugurou o 'toma lá, toma lá'. Ele passa os cargos, passa as emendas... [mas não aprova as medidas prometidas em campanha]. Criou o orçamento secreto por preguiça de lidar com o Congresso - delegou ao próprio Congresso uma função que seria dele, a de negociação do orçamento - e gerou esse monstro de estouro dos gastos públicos e do teto de gastos, que tem suas consequências na ponta, na vida do cidadão mais pobre: no desemprego, na inflação, na taxa de juros, e que infelizmente a gente vai viver ao longo desse ano. Sumarizando: eu acho que ainda dá para subir ao tom em relação a Lula e Bolsonaro."

Kataguiri explicou que o MBL pode turbinar a candidatura de Moro no estado de São Paulo com a força de eleitores do movimento, constatada na campanha do agora pré-candidato ao governo estadual, Arthur do Val, para a Prefeitura da capital em 2020.

"A gente viu a força do MBL no eleitorado que tem entre 16 e 30 anos de idade, um eleitorado, portanto, muito jovem; e é justamente aí, quando a gente vê nas pesquisas, uma das deficiências do Sergio Moro: é engajar entre pessoas mais jovens, é ter um conteúdo de rede social que fale uma linguagem mais dinâmica e acessível, que tenha um molejo que a linguagem institucional, ou que a maneira mais polida, parcimoniosa, formal de se falar não alcança. Esse é um ponto fundamental. Fazer o Moro entrar no debate de games, de criptoativos, e ter uma linha de ataque e defesa na rede social. É importante que o Moro, que não tem uma máquina do governo e partidária para isso, tenha uma defesa contra notícias falsas disparadas contra ele e também uma base firme no interior. A gente é mais forte no interior que na capital. Chegar até uns 15% nas pesquisas, que é uma barreira imaginária que se tem na classe política - quando o candidato bate, ele está ali a sério para ir ao segundo turno -, acho que isso passa por um fortalecimento do Moro especialmente no estado de São Paulo para depois a gente partir para o Centro-Oeste, o Norte e o Nordeste."

O deputado federal, que concorrerá à reeleição pelo Podemos, comentou os dilemas para o acerto entre o partido de Moro e a União Brasil, fusão do DEM com o PSL.

"Se ele crescer nas pesquisas, talvez não precise da União. Se ele não crescer, talvez a União não queira. É uma relação conflitante, mas eu, saindo agora do DEM, tenho uma visão muito clara de que a União só tem dois caminhos: ou apoia Sergio Moro, ou não vai apoiar ninguém e vai liberar para que cada deputado forme o palanque estadual e apoie à presidência da República quem for mais conveniente para ele. Acho que o Moro tem isso como uma vantagem, porque ele não tem um concorrente para ter o apoio da União. A legenda não vai com o Lula. O Lula prometeu extirpar o DEM da política, fez de tudo para acabar de fato com o partido, então tem ali rixas históricas. Com o Bolsonaro, é a mesma coisa. O embate que o Bolsonaro teve dentro do PSL foi muito duro, então é inviável que ele tenha o apoio. Outros candidatos, é muito difícil, porque restou na terceira via, consolidado, o Sergio Moro."

Segundo Kataguiri, "seria importante, sim, essa aliança" entre Moro e União: "se ele tivesse o tempo de TV que a União tem, ele com certeza conseguiria fazer frente ao tempo gigantesco que o Lula e o Bolsonaro vão ter. Seria uma base importante para ele inclusive se defender, porque, quando você tem um sujeito atacando você com um canhão, mesmo que seja com notícias falsas, e você não tem a mesma capacidade de comunicação para se defender, a notícia falsa cola. E você acaba sendo vítima disso."

Kataguiri acredita que "possivelmente a aliança deve sair, sim, porque a outra alternativa, de liberar cada deputado, não traz grande vantagem para a União". "Apoiar uma candidatura majoritária é importante para a construção do partido, ainda mais um partido novo, que quer crescer e que quer ter identidade", concluiu.

Assista abaixo à íntegra da entrevista, na qual também foram abordadas distorções do direitismo, do conservadorismo, do liberalismo e do cristianismo, além de escândalos específicos dos governos Lula e Bolsonaro. Inscreva-se no meu canal: aqui.