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Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Sob Bolsonaro, "bandido bom é bandido morto" ganha nova versão

Colunista do UOL

15/06/2022 20h41

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Jair Bolsonaro já havia dobrado a aposta na responsabilização dos desaparecidos na Amazônia. Agora, triplicou.

Na Live UOL desta quarta-feira (15), comentei a terceira série de declarações do presidente sobre o caso do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista Bruno Araújo Pereira, no momento em que a polícia fazia buscas no local onde encontrou, segundo o ministro da Justiça, "remanescentes humanos".

"Esse inglês, ele era malvisto na região. Porque ele fazia muita matéria contra garimpeiros, questão ambiental. Aquela região, região bastante isolada, muita gente não gostava dele. Ele tinha que ter mais que ter redobrado a atenção consigo próprio. E resolveu fazer uma excursão", disse Bolsonaro.

''É muito temerário você andar naquela região sem estar devidamente preparado fisicamente e também com armamento devidamente autorizado pela Funai, que pelo que parece não estavam. Pelo que tudo indica, se mataram os dois, espero que não, estão dentro d'água. Dentro d'água, pouca coisa vai sobrar. Peixe come. Não sei se tem piranha lá no Javari."

Bolsonaro é o presidente do sindicato de pescadores e garimpeiros em reservas indígenas, disfarçado de presidente da República.

Ele confirma, na prática, que a Amazônia não é nossa coisa nenhuma. É dos criminosos, como queríamos demonstrar.

A linguagem perversa de Bolsonaro ainda legitima moralmente o comportamento miliciano no país, com seus métodos macabros de retaliação, já que responsabiliza as vítimas pelo incômodo causado ao Estado paralelo dominante.

O lema bolsonarista de que "bandido bom é bandido morto" ganha, assim, uma nova versão: cidadão bom é cidadão que não entra em território de bandido.

Assista à íntegra da Live UOL de hoje, na qual falamos também sobre a cobrança da ex-ministra britânica Theresa May ao seu sucessor, Boris Johnson, por uma postura diplomática mais firme em relação ao desaparecimento de Phillips e Pereira.

Comentamos ainda o caso das "brigadas digitais" criadas pela CUT para disparar propaganda pró-Lula, revivendo os tempos dos MAVs do PT. Sim: Lula também tem seus blogueiros de crachá.

Com Madeleine Lacsko, debato os principais assuntos do país diariamente, das 17h às 18h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter.