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Felipe Moura Brasil

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Aumento de salários derruba discurso teatral de preocupação com mais pobres

Colunista do UOL*

22/12/2022 19h00

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*Por Redação UOL Notícias

Na Live UOL, desta quinta-feira (22), o colunista do UOL Notícias Felipe Moura Brasil falou sobre o projeto de aumento dos salários do presidente da República, vice, ministros e parlamentares, aprovado pelo Congresso Nacional. O reajuste será de 37% a 50%, dependendo do cargo, e segue para promulgação.

"A boiada passou e todos os salários foram turbinados, com PT e PL juntinhos a favor da aprovação, o que mostra que a chave ideológica de se dividir tudo em esquerda ou direita não funciona. Petismo e bolsonarismo estiveram juntos no afrouxamento da legislação penal, da lei de improbidade administrativa, no rompimento do teto de gastos, na mudança da lei das estatais e, agora, nessas últimas barbaridades que foram aprovadas no Congresso Nacional", comentou o colunista.

"Junto com uma PEC para —supostamente— turbinar programas sociais, eles aprovam um monte de privilégios. A família pobre que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diz que precisa colocar dentro do orçamento, ela vai ter um aumento de R$ 195 no salário dela. Qual o aumento para os ministros do Supremo Tribunal Federal? Um reajuste de R$ 7,1 mil, com o salário chegando a R$ 46,3 mil. E o que é um ministro do Supremo trabalhando? É [o ex-governador do Rio de Janeiro] Sérgio Cabral sendo solto da cadeia", disse Moura Brasil, destacando a necessidade de um projeto de médio e longo prazos para a população de baixa renda.

"Existe uma população que necessita de fato de dinheiro para sustentar a família, mas é preciso um projeto de país que, em médio e longo prazos, faça com que essas pessoas estejam empregadas, trabalhando e ganhando mais, inclusive, do que ganham agora com o Bolsa Família e não reféns de um Estado que distribui esse dinheiro e o turbina às vésperas de campanha, para que haja maior poder político das pessoas envolvidas".

Felipe Moura Brasil também criticou a alegação de Lula de que o presidente Jair Bolsonaro (PL) não reservou "o dinheiro necessário para atender as pessoas que ele próprio prometeu".

"Os privilégios estão mantidos, mas fica esse discurso teatral, cínico e farsesco. Trata-se da alegação de um líder populista que tenta fazer o contraste com o bolsonarismo com toda a cara de pau que lhe é peculiar. Você forçar a mão para apontar tudo aquilo que Bolsonaro legou é uma maneira de conseguir ir emplacando aquilo que, em uma situação normal, seria olhado com maiores ressalvas, mas como ele é o sujeito que 'veio salvar o Brasil' depois de toda a penúria deixada pelo governo anterior, então se deixa e não se contesta esse tipo de discurso falseado", afirmou o colunista.

Felipe Moura Brasil e Madeleine Lacsko debatem os principais assuntos do país diariamente, das 16h às 17h, com transmissão ao vivo nos perfis do UOL no YouTube, no Facebook e no Twitter. Com horários especiais de fim de ano, nas próximas semanas, a live será transmitida apenas às terças e quintas-feiras, voltando ao ar todos os dias, a partir de 9 de janeiro.