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Novos testes na Coreia do Norte confirmam ineficácia da "política Trump"
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Acompanhamos, nos últimos dias, mais um momento de elevação de tensões entre Coreia do Norte e Coreia do Sul. Os dois países testaram, ontem, mísseis balísticos e, com isso, reacenderam o debate sobre a estabilidade na região.
O Ocidente, liderado pelos Estados Unidos, defende o desmantelamento do arsenal norte-coreano em troca do alívio das sanções vigentes. Ao reagir ao mais recente episódio, o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, reforçou o compromisso de aliança dos Estados Unidos com Seul e classificou a ação norte-coreana como uma "violação de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU".
Ao voltar à tona, o tema reacendeu o debate sobre os desdobramentos da negociação iniciada por Donald Trump e o líder norte-coreano Kim Jong-un em 2018.
Depois de ameaçar Pyongyang com "fogo e fúria" e da sistemática troca de insultos entre as lideranças dos dois países, Trump aceitou o convite de Kim Jong-un para um encontro no que se constituiria como a primeira cúpula entre um presidente dos Estados Unidos em exercício e um líder norte-coreano.
A reunião ocorreu em 12 de junho de 2018, em Singapura. Na ocasião, derivou dela uma declaração que sinalizava para a intenção de construir relações cooperativas e não mais de confronto. Em meados de 2019 Trump também se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a colocar os pés na Coreia do Norte, cruzando a Zona Desmilitarizada para um breve encontro com Kim Jong-un.
Naquele momento, o então presidente norte-americano fez questão de pontuar que deixaria, no trato com a Coreia do Norte, um legado histórico. Trump alardeou sobre os símbolos daquela aproximação e buscou reforçar, em todas as oportunidades, a ideia de que produziria feitos significativos.
Pouco tempo depois, no entanto, a realidade parece em muito contrastar com esse conjunto de expectativas. Apesar da pompa e circunstância, dos ritos e dos protocolos, a aproximação dos dois líderes não produziu avanços concretos na relação bilateral, nem criou condições para o equilíbrio regional.
No trabalho de bastidores, conduzido por especialistas e diplomatas, não houve o estabelecimento de quaisquer acordos ou compromissos relevantes. Nenhum dos lados ofereceu concessões concretas, e a Coreia do Norte logo retomou os testes de mísseis. Na prática, o que parece ponto pacífico, é apenas o reconhecimento de que desde 2019 as negociações sofrem de uma paralisia crônica.
Como é típico de governos que somente se alimentam de imagens e narrativas, a relação com a Coreia do Norte é mais um exemplo do modus operandi trumpista: a política do "muita espuma e pouco chope".
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