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Fernanda Magnotta

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Um ano depois de eleito, lua de mel com Biden chegou ao fim

Joe Biden discursa na Casa Branca, em Washington - Evelyn Hockstein/Reuters
Joe Biden discursa na Casa Branca, em Washington Imagem: Evelyn Hockstein/Reuters

Colunista do UOL

11/11/2021 06h26

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Nesta semana, relembrou-se o marco de 1 ano da eleição de Joe Biden, nos Estados Unidos. Mais do que uma simples efeméride, a data parece marcar, como tem sido de praxe na política dos Estados Unidos, o fim da lua de mel entre o novo presidente e a opinião pública do país.

Dois são os indícios que corroboram essa percepção: a vertiginosa queda de popularidade do presidente e alguns resultados de eleições estaduais ocorridas recentemente.

No início de novembro, a reprovação de Biden chegou a 51%. Dados da Real Clear Politics apontam que o democrata iniciou seu governo com 55,8% de aprovação, passando a ter, um ano depois, apenas 42,6% - nível semelhante ao do ex-presidente Donald Trump no mesmo período. São as duas popularidades mais baixas da história recente.

Além disso, não se pode ignorar algumas materializações importantes dessa tendência de enfraquecimento: a vitória do republicano Glenn Youngkin no estado da Virgínia, com histórico de votação democrata e onde Biden prevaleceu nas eleições presidenciais de 2020, bem como o desempenho aquém do esperado de Phil Murphy, do mesmo partido do presidente, em New Jersey.

Diversas são razões que explicam esse movimento. Ele reflete, sem dúvida, um padrão de comportamento do eleitorado norte-americano, que é especialmente potencializado pelo contexto de polarização política pelo qual o país passa. Mas não se trata apenas de inércia política ou de um ciclo econômico normal. Mais do que isso, ecoa as percepções da opinião pública do país sobre questões sensíveis, como a recuperação econômica e o controle inflacionário no pós pandemia, bem como agendas estruturalmente delicadas e decisões controversas, incluindo a atabalhoada saída do Afeganistão, que rendeu uma enxurrada de críticas ao governo Biden dentro e fora dos Estados Unidos.

Não se pode ignorar também o fato de que 2022 será marcado por eleições legislativas de meio de mandato, determinantes para a consolidação de maiorias no Congresso durante a segunda metade do governo democrata. Isso explica a pressa de Biden para aprovar projetos importantes para o legado que pretende construir.

Além dos pacotes emergenciais de auxílio relacionados à pandemia, o presidente acaba de aprovar, no Senado e na Câmara dos Representantes, um pacote de US$ 1 trilhão para investimentos em infraestrutura. Apesar da vitória, o caminho não foi fácil: a margem da vitória na Câmara foi de apenas 22 votos, sendo que 6 democratas votaram contra o projeto.

Pela frente, Biden agora terá o desafio de aprovar uma proposta ainda mais audaciosa, o chamado "Build Back Better", sobre o qual já falamos em detalhes nessa coluna anteriormente. A fim de destravar as negociações, o pacote já foi reduzido à metade em relação à sua versão original e enfrenta vocais críticas. De um lado, membros do próprio partido do presidente expressam descontentamento com certas concessões já realizadas e elevam as pressões sobre Biden. De outro, a oposição republicana argumenta que as políticas do governo levam ao aumento da dívida do país e atribuem papel excessivo ao Estado.

Em política, sabemos que algumas verdades são inconvenientes: é preciso, muitas vezes, correr contra o tempo e, quase sempre, escolher apenas algumas batalhas para lutar. Biden está diante dessas duas encruzilhadas.