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Na Coreia do Norte, novos testes nucleares contrastam com crise de Covid-19
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Há algumas décadas testemunhamos notícias relacionadas ao desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano. Somente entre 2006 e 2017 foram seis diferentes testes. Agora, depois uma série de apresentações de mísseis, e com a chegada do presidente dos Estados Unidos Joe Biden à Ásia, aumentaram os rumores de que um novo experimento poderia ser realizado como forma de provocação e demonstração de força do governo Kim Jong-un.
Segundo o relatório do Departamento de Estado norte-americano, o World Military Expenditures and Arms Transfers de 2021, os gastos militares da Coreia do Norte podem representar, ao longo dos últimos anos, até mais de 25% do PIB médio do país. Se confirmado, seria o Estado que, em termos relativos, teria a maior proporção de gastos militares no mundo em relação ao próprio PIB.
O sofisticado programa nuclear, que inclui mísseis, ogivas, bombas e outros equipamentos contrasta com a realidade de uma sociedade pobre e afetada por problemas estruturais graves, como a insegurança alimentar, por exemplo. Em 2022, soma-se à já extensa lista de dificuldades, a onda de Covid-19 que agora também afeta o país.
Depois de negar a incidência da doença em seu território por anos, o governo norte-coreano confirmou o primeiro caso de coronavírus nas últimas semanas. Desde então foram reportados mais de 2 milhões de casos de "febre", como tem sido tratados pela mídia estatal.
Para a Coreia do Norte, três são os problemas principais no combate a essa crise:
1) a escassez de recursos, medicamentos e equipamentos para tratar doenças respiratórias graves;
2) a capacidade limitada de testagem;
3) a falta de acesso à vacinas e imunizantes, depois que o país recusou ajuda internacional, ofertada, inclusive, pelo consórcio Covax, da OMS.
O resultado disso é o temos acompanhado: informações de que o governo recomenda chá quente e gargarejo com água salgada como forma de administrar o aumento do número de pessoas doentes.
Embora os contrastes escandalizem, a estratégia, que coloca a esfera militar em primeiro lugar, se explica na medida em que tem como objetivo reforçar a narrativa que sustenta o governo. As preocupações com a sobrevivência do país e a provisão de segurança funcionaram, até hoje, para gerar coesão interna e sustentar grupos específicos no poder.
Se, por um lado, o discurso de inimigos externos a serem combatidos tem sido o elo central para a perpetuação da dinastia Kim no poder, por outro, deixa a dúvida sobre até quando os desafios internos poderão ser contidos. A crise de Covid-19 é mais um capítulo nessa história.
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