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Fernanda Magnotta

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Do comércio à defesa, Biden vai à Ásia buscar aliados para conter a China

Joe Biden, presidente dos EUA - REUTERS/Leah Millis
Joe Biden, presidente dos EUA Imagem: REUTERS/Leah Millis

Colunista do UOL

20/05/2022 13h23

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O presidente norte-americano Joe Biden desembarca hoje na Ásia. Trata-se da primeira visita à região desde que assumiu o posto, há pouco mais de um ano. Biden visitará a Coreia do Sul e também o Japão, considerados os dois mais importantes aliados dos Estados Unidos nessa parte do mundo.

Além dos temas obviamente esperados para compor a agenda dos encontros, como estratégias de contenção do programa nuclear norte-coreano e as preocupações envolvendo a crise na Ucrânia, duas outras iniciativas dessa missão, resumidas em forma de siglas, merecem particular destaque: o QUAD e o IPEF.

O primeiro, QUAD, corresponde ao "Diálogo de Segurança Quadrilateral", uma aliança informal existente entre Estados Unidos, Japão, Austrália e Índia para tratar de cooperação militar. Embora tenha sido introduzido ainda na primeira década dos anos 2000, o arranjo ganhou força somente a partir de 2017, sob a gestão Trump, por ter sido entendido não apenas como um foro de discussão para questões de segurança indo-pacífica, mas como uma maneira interessante de conter os avanços chineses nessa seara.

A outra iniciativa, IPEF, corresponde ao "Quadro Econômico Indo-Pacífico" e envolve projetos visando o aumento do comércio e da colaboração em matéria de infraestrutura, tecnologia e meio ambiente entre os Estados Unidos e países asiáticos. A ideia é consolidar, nesse caso, uma cadeia de suprimentos que exclua a China a partir de uma estrutura mais flexível do que dos blocos comerciais tradicionais. Espera-se que durante essa viagem Biden apresente os detalhes dessa proposta.

Todos sabemos que Biden compartilha a visão de Trump sobre a China e que tenta, a todo custo, reviver a política do "pivô para a Ásia" de Obama. Sem surpresa, portanto, seu governo organizou, em 2021, reuniões entre os quatro chefes de governo dos países envolvendo o QUAD. Temas como semicondutores, vacinas e a tecnologia 5G foram objeto de discussão nos primeiros encontros. Não se pode esquecer que esse movimento passou a triangular também com o AUKUS, a aliança militar formada pela Austrália, os Estados Unidos e o Reino Unido, tornada pública em 2021.

Em sua viagem para a Ásia, portanto, Biden pretende reforçar a liderança norte-americana e o compromisso dos Estados Unidos com esses e outros parceiros, além de buscar meios indiretos de elevar as expectativas e cobranças sobre países vistos como indecisos, como é o caso da Índia. Os indianos, especificamente, têm sido reticentes em tomar o lado Ocidental no conflito com a Rússia e também no que diz respeito ao estabelecimento de um diálogo mais duro com a China. São acompanhados de maneira atenta por Washington.

Biden olha para a China como principal ameaça geopolítica dos Estados Unidos no século XXI e conter sua expansão é a prioridade estratégica. O plano é explícito: da economia à segurança, angariar o apoio de potências médias para aumentar a influência na região.