Na Europa, direita radical é ascendente e preocupa projeto de integração
As eleições do Parlamento Europeu em 2024 marcaram um momento decisivo, refletindo uma inclinação acentuada para a direita no espectro político europeu. Este fenômeno não se restringe a países específicos; em nações como França e Alemanha, a ascensão de partidos de extrema direita e o declínio dos centristas redefinem o cenário político e impactam diretamente a economia, afetando o euro e os mercados de ações.
Na França, a resposta de Emmanuel Macron aos resultados eleitorais foi dissolver a Assembleia Nacional e convocar novas eleições, uma medida drástica após a derrota para o RN ("National Rally"). Na Alemanha, o chanceler Olaf Sholz e seu Partido Social-Democrata também enfrentaram um revés significativo, cedendo espaço para a AfD ("Alternativa para a Alemanha"), de extrema-direita. Contrastando com esses desafios, Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia, viu seu PPE ("Partido Popular Europeu") ganhar mais assentos, fortalecendo sua posição para negociações futuras.
A ascensão da direita na Europa sinaliza potenciais mudanças nas políticas da União Europeia, desde políticas climáticas progressistas até questões de migração, apontando para um endurecimento das posturas em diversos temas. Além disso, a polarização política é apenas um entre muitos desafios contemporâneos que moldam o papel e a identidade europeus no cenário global, incluindo imigração, separatismo, e as tensões de segurança intensificadas pela guerra na Ucrânia e a crise no Oriente Médio.
Esta nova configuração política não é isolada. Exemplos variam, nos últimos anos, desde a Suíça, onde o SVP ("Partido Popular Suíço") liderou eleições com políticas restritivas à imigração, até a Hungria, onde Viktor Orban promove um nacionalismo exacerbado por meio do que chama de "democracia iliberal". Na Dinamarca, o impacto da ultradireita moldou uma coalizão centrista, enquanto na Áustria e Itália, partidos similares ganham suporte explorando o medo da imigração e a insatisfação com a União Europeia.
O futuro da União Europeia e a resposta aos seus desafios internos, como a assimetria econômica entre os estados-membros e fragmentação política, são cruciais para a coesão da região. A polarização, refletindo tensões que não ficam circunscritas ao bloco, evidencia uma luta pela definição do que a Europa "quer ser".
Navegar por esses desafios será vital não apenas para os países do continente, mas também para o equilíbrio de poder global e a estabilidade política internacional. Assim, as eleições do Parlamento Europeu servem como um termômetro essencial para medir não só a força da direita global, mas também os desafios significativos que o projeto europeu de integração deve enfrentar nos próximos anos.
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