Bretas critica vazamento de depoimento no caso Marielle
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O juiz Marcelo Bretas criticou o vazamento do depoimento do porteiro do condomínio em que o presidente Jair Bolsonaro tem casa no Rio de Janeiro. No depoimento, o funcionário afirmou que um dos acusados da morte da vereadora Marielle Franco entrou no local dizendo que ia à residência do presidente, então deputado federal.
"Um vazamento atrapalha muito", disse o juiz, após participar de um evento na sede da ONU, em Genebra, e realizado pela entidade Observatório do Crime Organizado. Ele evitou falar do conteúdo do caso. Mas insistiu sobre o impacto que a quebra do sigilo num processo pode gerar. "(Um vazamento) bota suspeita, pode surgir a suspeita de que está sendo usada politicamente, para prejudicar A, B ou C. Ai você acaba com o trabalho", alertou.
Em entrevista à coluna, ele acredita que a divulgação do conteúdo prejudica até mesmo a apuração para avaliar se o porteiro mentiu ou não. "Agora está tudo embolado. Agora não consegue mais nada", disse.
Na quarta-feira, o Ministério Público estadual do Rio de Janeiro, que comanda a investigação do assassinato, disse que o porteiro mentiu em seu depoimento.
Bretas também destacou o "ambiente ruim" criado entre o presidente Jair Bolsonaro e o governador do Rio, Wilson Witzel. O chefe-de-estado afirmou que o vazamento teria vindo do governador.
"Aos olhos do povo, independente de quem está certo ou errado, estamos falando de um presidente e de um governador", disse o juiz, sem entrar na questão se acreditava ou não num vazamento realizado pelo governador. "Esse diálogo é ruim. Isso não é legal. Duas autoridades discutindo, não é legal. Pode dar algum descrédito para o trabalho", alertou.
O juiz ainda criticou o trabalho da imprensa. "Foi desmentido no mesmo dia. Fica uma suspeita também sobre o veículo (de imprensa)", afirmou. "Lança suspeita sobre o trabalho de imprensa. Tem que ter muito cuidado. É um presidente, um governador", afirmou.
Atraso
Apesar de criticar o vazamento, Bretas insiste que a Justiça precisa dar uma resposta sobre quem matou a vereadora. "Já passou da hora. Nem decidiram quem vai julgar", atacou.
"É o típico do processo que a Justiça precisa dar agilidade. O caso requer e está há um tempo parado. Não adianta seguir a ordem de chegada. Esse caso merecia uma resposta rápida", insistiu.
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