PMs dentro da embaixada dizem não ter instrução do governo sobre como agir
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A invasão da embaixada da Venezuela em Brasília vive um impasse gerado pelo comportamento do governo brasileiro.
Policiais militares que estão dentro da embaixada da Venezuela em Brasília têm afirmado a pessoas no interior do prédio que não têm orientação do governo brasileiro sobre o que fazer diante da invasão do escritório diplomático. Enquanto isso, um enviado do Itamaraty ao local também tem evitado declarar e informar aos policiais o posicionamento do governo.
Fontes dentro da embaixada invadida por aliados de Juan Guaidó explicaram à coluna que os PMs de fato estão dentro do local, enquanto vários outros aguardam nos portões da entidade.
Mas o que causa o impasse é o fato de que esses policiais não estão cumprindo qualquer ordem de remoção dos invasores nem comunicando qual seria o posicionamento oficial do governo brasileiro. Já os diplomatas de Caracas se recusariam a abrir mão de sua posição.
Na ONU, o caso é seguido com atenção máxima diante do potencial de que haja retaliações por parte de Nicolas Maduro ou mesmo uma ação violenta em Brasília. A entidade já deixou claro que é responsabilidade do governo brasileiro proteger a embaixada e os diplomatas venezuelanos.
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Também causou indignação e temor de diplomatas brasileiros uma mensagem de Eduardo Bolsonaro nas redes sociais, insinuando um apoio ao ato em Brasília.
No começo do dia, nas redes sociais o governo de Jair Bolsonaro apontou que não reconhecia a invasão e que não havia sido informado. O presidente ainda indicou que tomaria "as medidas necessárias para resguardar a ordem". As declarações foram feitas em um post em seu no Facebook, apagado cerca de uma hora depois.
O GSI, em uma nota, criticou a invasão. "Como sempre, há indivíduos inescrupulosos e levianos que querem tirar proveito dos acontecimentos para gerar desordem e instabilidade; o presidente da República jamais tomou conhecimento e, muito menos, incentivou a invasão da Embaixada da Venezuela", diz a nota do GSI.
Mas, dentro da embaixada, a PM insiste que não recebeu ordens sobre o que deve ser feito.
Fontes também destacam o fato de que um diplomata enviado pelo Itamaraty ter evitado tomar posição ou traduzir em ação a nota do GSI. Nos últimos meses, o chanceler Ernesto Araújo tem demonstrado uma aliança clara com Guaidó e chegou a levar à ONU membros da oposição como parte da delegação brasileira.
Os PMs teriam entrado na embaixada a convite do encarregado de negócios da Venezuela em Brasília. Mas, horas depois, pessoas dentro do local disseram que a PM tem insistido que não recebeu orientações sobre como agir e que "não sabem" quem é o responsável venezuelano no Brasil.
Mediação
Três deputados brasileiros também estão no local —Samia Bomfim, Glauber Braga e Paulo Pimenta.
Eles indicaram ao diplomata que atua como mediador que, ao não condenar a invasão e nem repassar aos policiais a instrução do governo, o Brasil estaria cometendo uma violação das convenções que regulam o funcionamento do serviço diplomático.
Para eles, o representante do Itamaraty precisa dizer claramente que não reconhece a invasão, o que não está ocorrendo.
A posição dos deputados é de que tanto a PM como o diplomata que entraram a convite do encarregado de negócios da embaixada. Mas, agora, estariam agindo à revelia do chefe da missão.
Os deputados ainda questionaram os invasores se eles estariam armados. Mas o grupo se recusou a responder.
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