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Jamil Chade

Com mortos se acumulando, Espanha "hiberna" sua economia

Plaza Mayor, marco de Madri, vazia após surto de coronavírus na Espanha - Sergio Perez/Reuters
Plaza Mayor, marco de Madri, vazia após surto de coronavírus na Espanha Imagem: Sergio Perez/Reuters

Colunista do UOL

29/03/2020 15h26

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Numa decisão radical anunciada neste domingo, o governo da Espanha decidiu "hibernar" sua economia e paralisando praticamente toda a produção industrial pelo menos até o dia 9 de abril.

A decisão foi tomada depois que o país registrou 838 mortes nas últimas 24 horas e admitiu que prevê uma explosão de internações nos próximos dias.

No total, já são 6,5 mil mortos e 76 mil casos confirmados. Hoje, Espanha e Itália representam metade das mortes no mundo. Na Itália, foram 756 mortes em 24 horas, elevando o total para 10,7 mil vítimas.

O temor é de que o sistema público de saúde entre em colapso. Das 17 regiões autônomas da Espanha, seis já estão com todas suas UTIs lotadas.

Por dias, os presidentes das regiões apelavam ao governo central para endurecer as medidas de restrição, entre eles a Catalunha e Murcia. Andaluzia, Aragão, Castilla-La Mancha e Comunidade Valenciana sugeriam restrições ao movimento das pessoas.

Com dois dias seguidos de mais de 800 mortos, o governo central teve de acatar o apelo. Para a Ministra de Finanças, María Jesús Montero, as novas restrições adotadas pelo governo tem como meta "contribuir para que nosso sistema produtivo entre em uma espécie de hibernação".

O governo garante que, para o momento pós-pandemia, bilhões de euros serão injetados para tentar socorrer as empresas.

Mas a Espanha somou-se a Portugal, França e Itália em um apelo para que a Europa assuma uma mais responsabilidade para ajudar os países mais afetados pelo vírus.

"Esse é o momento mais difícil da Europa desde sua fundação", disse o presidente do governo Pedro Sanchez. "O bloco precisa estar pronto para o desafio. Chegou o momento de a Europa agir. A Europa está ameaçada", insistiu.

No sábado, foi o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, quem apelou para uma ação coordenada da Europa. Para seu governo, um pico da doença ainda deve levar mais uma semana para ser atingido.