Desenvolvimento humano vai cair pela primeira vez em 30 anos, constata ONU
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O índice de desenvolvimento humano vai cair, em 2020, pela primeira vez em 30 anos, abalado pela pandemia do coronavírus. Os dados estão sendo publicados nesta quarta-feira pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento (Pnud), que alerta que alguns dos indicadores sociais podem perder 40 anos de avanços.
Em 1990, a ONU decidiu que o PIB não poderia ser o único modelo para medir o desenvolvimento do planeta. Em seu lugar, foi criado o IDH, elaborado com dados de saúde, educação, social e receita.
Desde sua primeira publicação, a entidade viu uma melhora do índice a cada ano, ainda que de uma forma profundamente desigual no mundo. Agora, pela primeira vez, haverá uma deterioração nesse índice e os mais pobres serão os mais afetados.
Uma das estimativas do Banco Mundial é de que 60 milhões de pessoas serão jogadas à pobreza extrema. O FMI ainda fala da maior queda na economia mundial desde a Grande Depressão.
"O mundo tem visto muitas crises nos últimos 30 anos, incluindo a crise financeira global de 2007-09. Cada uma delas atingiu duramente o desenvolvimento humano, mas, em geral, vimos ganhos de desenvolvimento acumulados globalmente ano após ano", disse o Administrador do Pnud, Achim Steiner. "A covid-19- com seu triplo impacto na saúde, educação e renda - pode mudar esta tendência", alertou.
Em todos os países - ricos e pobres - e em todas as regiões, as quedas em áreas fundamentais do desenvolvimento humano estão sendo sentidas.
Uma das perspectivas é de uma queda da renda per capita global de 4%.60% das crianças no mundo não estão recebendo educação, um nível não visto desde os anos 80.
"O impacto combinado desses choques pode significar a maior inversão no desenvolvimento humano registrada", alertou o informe.
Além desses setores, a entidade estima que efeitos significativos serão sentidos no no progresso em direção à igualdade de gênero, saúde reprodutiva, trabalho não remunerado e violência de gênero.
"Espera-se que a queda no desenvolvimento humano seja muito maior nos países em desenvolvimento que são menos capazes de lidar com as conseqüências sociais e econômicas da pandemia do que as nações mais ricas", explicou a entidade.
"Na educação, com as escolas fechadas e as divisões no acesso ao aprendizado online, estimativas do PNUD mostram que 86% das crianças no ensino primário estão agora efetivamente fora da escola em países com baixo desenvolvimento humano - comparado com apenas 20% em países com desenvolvimento humano muito alto", afirmou.
"Esta crise mostra que se falharmos em trazer equidade para o conjunto de ferramentas políticas, muitos ficarão mais para trás. Isto é particularmente importante para as 'novas necessidades' do século XXI, como o acesso à Internet, que nos ajuda a beneficiar da tele-educação, da tele-medicina e a trabalhar a partir de casa", diz Pedro Conceição, um dos autores do informe.
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