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Jamil Chade

Por Amazônia, governo Bolsonaro será alvo de onda de protestos pelo mundo

Área de queimada da Floresta Amazônica, em Rondônia - Carl de Souza/AFP
Área de queimada da Floresta Amazônica, em Rondônia Imagem: Carl de Souza/AFP

Colunista do UOL

28/08/2020 04h00

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O governo de Jair Bolsonaro será alvo de uma série de protestos a partir de hoje (sexta-feira). Organizado pelo movimento Fridays for Future, manifestações de estudantes e ambientalistas estão sendo programadas em dezenas de cidades pelo mundo. Alguns dos atos ocorrerão diante de embaixadas e consulados brasileiros no exterior.

O centro da mobilização será a situação da Amazônia, descrita pelo grupo como crítica. Pelas redes sociais, locais como Milão, Lisboa, Finlândia, Turquia, Áustria e vários outros países terão um dia de manifestações por conta das políticas do governo brasileiro em relação à floresta.

Em alguns locais, a programação prevê protestos diante de prédios da representação brasileira. Isso ocorrerá, por exemplo, em Toronto, no Canadá, e em Madri, na Espanha.

Na Alemanha, quase 20 cidades organizam eventos a partir de hoje. Na Áustria, os muros de uma catedral servirão de tela para uma projeção de imagens da floresta.

Na Bélgica, o foco dos protestos será o acordo entre o Mercosul e a UE. As entidades Rise for Climate Belgium, Citizen Mobilization to Save Humanity, Clean Walker Belgique e outros vão protestar diante do Conselho Europeu e da Comissão Europeia para pedir que o tratado comercial seja abandonado. O ato ainda terá deputados europeus e uma cadeia humana será formada com imagens e slogans sobre a Amazônia.

Depois de 20 anos de negociações, o acordo entre o Mercosul e a UE foi assinado em meados de 2019 e comemorado por Brasília como um sinal claro de que sua administração é aceita pelo mundo. O tratado também era uma espécie de chancela ao Itamaraty, em busca de um reconhecimento internacional. Mas, para entrar em vigor, todos os 27 países da Europa precisam ratificar o tratado. Por enquanto, parlamentos da Áustria, Holanda e Bélgica já deram sinais de resistência.

Mas, na semana passada, foi o motor da UE e um dos promotores do acordo, a Alemanha, que mostrou que pode não ratificar.

O governo alemão indicou que a chanceler Angela Merkel tem "sérias dúvidas" sobre a implementação do acordo diante do aumento do desmatamento na Amazônia. A declaração foi feita um dia depois do encontro com jovens ambientalistas, justamente o grupo que organiza as manifestações a partir de hoje.
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"Existem dúvidas consideráveis de que o acordo possa ser implementado como o pretendido, em vista dos acontecimentos atuais, das terríveis perdas florestais registradas", acrescentou o porta-voz do governo alemão.

Em meados de 2019, diante dos incêndios na floresta brasileira, o governo foi alvo de duras críticas pelo mundo, obrigando a diplomacia a se mobilizar. Agora, os ativistas que lotaram ruas das principais capitais da Europa e do mundo com estudantes - no movimento conhecido como Fridays for Future - prometem focar a atenção na situação específica do Brasil.